O ano de 2016 deixou uma herança para 2017, que é a discussão sobre a reforma da Previdência. E isso, na verdade, é um fantasma que sempre acompanha as discussões no serviço público e na iniciativa privada. Primeiro começou com a reforma de 1998, no Governo Fernando Henrique Cardoso, e depois veio a reforma de 2003, no Governo Lula. Agora, temos essa reforma que vem pela frente e traz obviamente grandes polêmicas.
A situação previdenciária é óbvio necessita de grandes atenções e demanda permanentes adequações. Agora, dentre todas as polêmicas que vem pela frente, não posso colocar num grande balaio pessoas que estão em situação diversa. De acordo com os cálculos postos à disposição para alguém se aposentar com proventos integrais, a pessoa terá que trabalhar durante 39 anos.
Eu não posso calcular da mesma forma quem trabalha 39 anos em um escritório com todo conforto e quem trabalha 39 anos na rua como gari, tapa-buraco ou lavrador. Porque é certo que essas pessoas que trabalham nestas condições por 39 anos não vão conseguir nem chegar a se aposentar. É uma questão bastante séria. E é importante observar que o princípio da igualdade previsto na Constituição exige que haja um desequilíbrio nas faixas de acordo com as condições pessoais de cada um dos grupos.
Não é atoa que existe diferenças entre os tempos de aposentadoria entre homens e mulheres. E é óbvio que o Brasil precisa observar com responsabilidade que os trabalhadores que demandam de grande força para sobreviver não podem ser colocados no mesmo padrão de pessoas que trabalham em conforto num gabinete.