Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – No primeiro dia de sessão da CMM (Câmara Municipal de Manaus) após a troca de partidos por vereadores, parlamentares dos grupos formados no processo eleitoral agitaram o plenário. O líder do prefeito, Eduardo Alfaia (Agir), e Rodrigo Guedes (Progressistas), da oposição, bateram boca e trocaram insultos. Alfaia acusou Guedes de querer pautar as ações da Câmara “conforme sua conveniência política e eleitoral”. “Lave sua boca para falar de mim”, respondeu Guedes.
A discussão ocorreu devido à presença de representantes do Aspromsindical (Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus) que tiveram cessão de tempo para se pronunciar antes do início dos discursos. O sindicato quer propor emendas ao projeto de reajuste salarial da prefeitura para a categoria.
“Houve a sugestão do vereador Rodrigo Guedes para que o sindicado se manifestasse aqui. O sindicato já veio aqui por duas vezes. Eu acho que nós vamos continuar enxugando gelo. A matéria não está na pauta. Eles vão vir aqui primeiro porque esse movimento é claramente político”, disse Eduardo Alfaia.
“Nós vamos dar ouvido aqui ao presidente do sindicato… Algumas manifestações às vezes são ofensivas conosco. Lamentavelmente usam vídeos depois. Eu fui vítima essa semana de inúmeros ataques por parte deste sindicato”, acusou o líder do prefeito, para quem o espaço cedido aos dirigentes sindicais serve de “palanque político”.
“Eu quero lamentar essa postura e pedir à vossa excelência que não acate esse pedido do vereador Rodrigo Guedes porque isso é uma clara tentativa de buscar desgaste ao prefeito David Almeida. Eles [dirigentes sindicais] vão vir para cá prá quê: enxugar gelo e ficar desgastando a gente, desgastando os vereadores, em especial os vereadores que são da base do prefeito David Almeida”, insistiu Alfaia.
“Então eu gostaria de pedir o bom senso de vossa excelência, que é presidente dos 41 vereadores e não apenas do vereador Rodrigo Guedes, que quer pautar a Câmara Municipal de Manaus conforme a sua conveniência política e eleitoral”, solicitou o vereador governista.
O presidente da CMM, Caio André, respondeu que a iniciativa não era do vereador Guedes. “O sindicato apresentou requerimento na sexta-feira (5), fazendo essa solicitação junto a essa presidência e tão somente faço questão de frisar isso junto ao representante do sindicato ‘para solicitar que possamos colocar em votação o projeto de lei que trata do reajuste salarial dos pedagogos e professores da Semed’ no dia 8, ou seja no dia de hoje”, disse Caio André.
Citado pelo líder do prefeito, Rodrigo Guedes pediu para se pronunciar. “Quero falar de forma direta ao vereador Eduardo Alfaia, que se ele não tem informação das demandas dos profissionais da Educação, porque simplesmente não os ouve, apenas os ofende, os ataca, eu não tenho culpa. Como vossa excelência [Caio André] bem falou, esse pedido não é meu. O vereador Eduardo Alfaia deveria respeitar os profissionais da Educação da cidade de Manaus, porque ele disse aqui, nessa tribuna, que se os profissionais da Educação não querem o 1,25% [índice de reajuste proposto pela Prefeitura] deveriam abrir mão, uma fala totalmente ofensiva”, disse Rodrigo Guedes.
Nesse momento, Alfaia rebateu, fora do microfone, e começou o bate-boca. “Respeite minha fala e lave sua boca para falar de mim” repetiu Guedes por cinco vezes. Caio André interveio na discussão. “O vereador infelizmente se comporta como funcionário do prefeito. Funcionário comissionado inclusive, porque não é concursado”, disse Guedes. “Eu não vou aceitar esse desrespeito”, rebateu Alfaia.
“O vereador Rodrigo é ofensivo toda hora aqui conosco. Ele acabou de me chamar de empregado do prefeito. Ele anda nos eventos com o governador do estado. Ele participa de atos políticos com o presidente da Assembleia Legislativa e ele não tem a mesma coragem e a mesma disposição para cobrar deles o reajuste e o salário dos profissionais da Educação do estado, que está em atraso. A data base dos servidores do estado está em atraso. Do lado de lá ele não age da mesma forma. Ele não tem a mesma coerência no discurso dele”, reclamou Alfaia.
A data-base dos profissionais da Educação será paga em duas parcelas em 2024, em cumprimento à Lei nº 3.293, de 26 de março de 2024. A primeira parcela com o reajuste foi paga no dia 1º de abril e a segunda será em 1º de junho.
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Vice-líder do prefeito, o vereador Raulzinho (MDB) também se queixou do tratamento “ofensivo” de Rodrigo Guedes e pediu para “tirar dos anais da casa os termos ofensivos”, sem indicar quais seriam. Caio André disse que, por não indicar quais trechos a serem suprimidos de registro, não haveria como acatar o pedido de Raulzinho.
Como representante do sindicato, a professora Elma Sampaio pediu que os vereadores “respeitem e valorizem” os professores. “Nós não queremos ser humilhados, nem que vocês aprovem o projeto que nomeamos e intitulamos ‘projeto de maldade’. É hora de vocês honrarem o voto que receberam e votarem nas emendas, deliberadas em nossas assembleias”.
Elma Sampaio também pediu que os vereadores assinem o requerimento que solicita a instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Fundeb. O documento tem assinaturas de 10 vereadores. Para ser apresentado precisa de no mínimo 14.