Da Folhapress
SÃO PAULO – Na avaliação do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a ação que ele mesmo enviou ao TCU (Tribunal de Contas da União) para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) devolva aos cofres públicos o dinheiro do Estado gasto em período de folga tem “significado didático”.
“Nenhum governante desde Tomé de Sousa (primeiro governador-geral do Brasil, no período colonial, entre 1549 e 1553) deixou de acudir seu povo enquanto ele estava necessitando”, disse o senador ao UOL News – Tarde, programa do Canal UOL.
Ontem, Randolfe entrou com uma representação no TCU para que Bolsonaro tenha que divulgar os custos da viagem que tem feito em Santa Catarina e devolva ao Estado os recursos públicos utilizados durante a folga no Sul.
A pretensão do senador é de que Bolsonaro tenha que destinar o dinheiro público gasto durante a folga para ações no sul da Bahia, região que já registra mais de 20 mortes e quase 100 mil pessoas entre deslocadas e desabrigadas por causa de fortes chuvas.
A devastação na Bahia ocorre no mesmo período em que Bolsonaro está de folga em Santa Catarina, de onde o presidente já disse esperar “não ter que retornar antes”. Ministros têm representado presencialmente o presidente no estado.
Em SC, Bolsonaro já andou de moto aquática, visitou o deputado federal Coronel Armando (PSL-SC) – que, um dia depois, foi diagnosticado com Covid-19, visitou uma unidade da rede de lojas Havan e participou de um show de carros no Beto Carrero World.
Antes da passagem em Santa Catarina, Bolsonaro já havia estado no litoral de São Paulo – chegou em Santos (SP) em 17 de dezembro -, onde dançou um funk machista enquanto estava em cima de uma lancha.
“Não há precedente de um presidente tirar tanto tempo de descanso. O homem não trabalha. A gente está pegado no serviço e ele está numa lancha dançando funk”, criticou Randolfe.
O senador estimou que o dinheiro público gasto na folga renda cerca de 10 mil cestas básicas apoiar esforços na Bahia. “Já vai ajudar”, pontuou. “Mas o mais importante é que tenha sentido didático”, acrescentou.
Mais R$ 700 milhões de recursos extras para o Ministério da Cidadania, visando ao atendimento das necessidades dos afetados pelas fortes chuvas em todo o Brasil, especialmente na Bahia.
Desde o dia 11/12, o Governo Federal colocou as Forças Armadas de prontidão para auxiliar os municípios atingidos pelas fortes chuvas. Ao todo, 22 municípios foram auxiliados com distribuição de água potável e cestas básicas, liberação de vias e deslocamento de equipes médicas.
11/12: Dois helicópteros da Marinha foram empregados nas operações de busca, resgate, transporte de pessoal e material.
11/12: Aproximadamente 1,4 mil kg de carga, incluindo cestas básicas e água. A carga foi do município de Itamaraju com destino a Nova Alegria.
12/12: Militares da Delegacia da Capitania dos Portos, em Ilhéus, distribuíram cestas básicas a ribeirinhos das comunidades de Rio Pardo, Rio Salsa e Rio Cipó, no município de Canavieiras, Bahia.
13/12: Aeronave da Força Aérea transportou 2,5 toneladas de medicamentos e materiais médicos para o município Teixeira de Freitas, enviados pelo Ministério da Saúde.
16/12: Força Aérea Brasileira entregou doações do Ministério da Cidadania. 16 toneladas de alimentos não perecíveis, por transporte aéreo, e 23 toneladas de alimentos por via terrestre.
17/12: Ministério da Defesa auxiliou na distribuição de 30 toneladas de doações de cestas básicas por meio da aeronave KC-390 Millennium, da Força Aérea Brasileira, para o município de Teixeira de Freitas.
18/12: Forças Armadas seguiram no auxílio às comunidades atingidas por enchentes na Bahia. Distribuição de 406 cestas básicas para aldeias indígenas da região de Porto Seguro e para os municípios de Itamaraju e Prado.
22/12: Mais 60 toneladas de donativos transportados pelas Forças Armadas.
27/12: Embarcações da Marinha transportaram funcionários e pacientes até o Hospital Regional Costa do Cacau, em Ilhéus, que ficou inacessível por via terrestre.