Milícias armadas e grupos radicais vêm atacando a caravana do ex-presidente Lula pelo Sul do país. Desde o início do trajeto, em Bagé (RS), a caravana foi vítima de atos violentos, nas rodovias, em praças públicas e até em universidades, em alguns casos, com a conivência das forças de segurança que deveriam garantir o direito de ir e vir e a integridade física do ex-presidente Lula e da ex-presidenta Dilma Rousseff, que o acompanha, dos membros da comitiva e da população que os recebe.
E ontem (27/3), no trajeto entre as cidades de Quedas do Iguaçú e Laranjeiras, no Estado do Paraná, estes atos ganharam contornos ainda mais radicais, quando dispararam tiros contra um dos ônibus da comitiva, que levavam jornalistas nacionais e internacionais, criando risco de graves acidentes e vítimas. Desta vez, ninguém se feriu.
Esses grupos usam métodos tipicamente fascistas, agridem pessoas com correntes, barras de ferro, soco inglês e até com chicotes. Lançam pedras e ovos contra o público nas praças e contra o palco onde discursam Lula e seus companheiros. Bloqueiam estradas com tratores, máquinas agrícolas e caminhões. Atacam os ônibus com pedras e ovos. Uma violência geral!
Desde os primeiros episódios da visita da Caravana “Lula pelo Brasil, na região Sul do país, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, tem apresentado ofícios junto ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, aos governadores dos estados e respectivos secretários de segurança, denunciando os atentados e solicitando providências, para que sejam resguardadas a integridade dos participantes da caravana. E mesmo assim não tem sido mobilizados efetivos suficientes para impedir a escalada da violência.
Após o atentando no Paraná, inclusive, a presidenta do PT divulgou nota intitulada ‘Esperam morrer alguém na caravana para tomar atitude?’. E prosseguiu: “eu quero saber o que as autoridades paranaenses têm a falar… vamos ter que ter alguém morto nessa caravana para provar o que estamos dizendo, que estamos sendo vítimas de milícia armada? Se eles acham que fazendo isso vão nos assustar, estão enganados. Vai nos motivar. Não podemos dizer que depois do nazismo esses grupos fascistas possam fazer o que quiser”.
O ex-presidente Lula também afirmou que “se querem brigar, vamos brigar, mas vamos respeitar a democracia nesse país. A democracia significa o respeito à diversidade. Cada um tem direito de ser o que quiser, na política, na religião, no sexo, cada um faz a opção que quiser”.
Que tiro foi esse que tinha como alvo o líder popular mais importante do país? Atentados assim não fazem parte da tradição política brasileira. Nada semelhante ocorreu quando a caravana de Lula percorreu os nove estados do Nordeste, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Os atentados do Sul são orquestrados e incentivados pelos setores mais atrasados da sociedade, por setores empresarias e até de parte da grande mídia. Não querem se manifestar democraticamente, mas interditar e calar pela força.
Defendemos a livre manifestação no campo das ideias e que Lula seja candidato, para que o povo decida seu destino pelo direito soberano do voto.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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