Há diversos caminhos para precificar as riquezas naturais da Amazônia: sequestro de carbono, toneladas de madeira, água, peixes, minerais diversos, frutos diversos, compostos químicos etc. O Instituto Paulson, Think Tank vinculado ao Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgou em 24/09/2020 um estudo sobre o esforço necessário para proteger a biodiversidade mundial. Há uma estimativa entre US$ 598 bilhões e US$ 824 bilhões por ano, nos próximos dez anos, para enfrentar este desafio.
Esta coalizão pelo planeta precisa ser realizada. Nas 258 páginas do estudo, a Amazônia é mencionada 24 vezes. Nossas florestas, água e o comércio de carbono são os pontos centrais dos comentários. É internacionalmente visível o quanto é necessário de esforço para transformar potencial em riqueza. É caro e trabalhoso, mas com grande potencial de retorno para o ambiente de vida do planeta e para a economia.
Segundo o estudo, investimentos associados com clima ou energia têm tido facilidade de atrair recursos, enquanto investimentos para bionegócios não têm tido a mesma facilidade. O caminho para a construção de modelos passa por uma boa interação entre governo e o setor privado, colaborando para a criação de mecanismos para benefício amplo. A alavancagem partirá dos governos locais, daí para os nacionais, para um esforço conjunto com a iniciativa privada.
Precisamos sair do modelo de não fazer nada, como caseiros para o futuro ou dos destruidores pela inércia. A oportunidade está posta e precificada. Fazer as mudanças necessárias para aproveitar a oportunidade é nosso papel, mais do que de qualquer outro habitante do planeta, se quisermos ter benefícios da possibilidade. De outra forma, seguiremos a ser meros consumidores, pagadores de impostos ou o pior: criminosos da humanidade por destruir a biodiversidade da Terra. Onde queremos ser posicionados na história?
Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.
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