Advogado traz à advocacia criminal ferramentas como jurimetria, Seis Sigma e análise de desempenho processual para transformar a gestão de processos em uma prática estratégica e orientada por evidências

Antes de se tornar advogado, Wilson Shibata passou mais de uma década lidando com auditorias, compliance, análise de risco e controle de desempenho em uma multinacional. Grande parte dessa experiência foi construída no Grupo Simões — um dos maiores conglomerados empresariais da região Norte, com sede no Amazonas — onde teve contato direto com metodologias de gestão, como o Seis Sigma e com o rigor de processos estruturados.
Lá, aprendeu que decisões precisam ser baseadas em dados concretos, processos bem definidos e planejamento estratégico — princípios que, anos depois, ele aplicaria à prática da advocacia criminal.
Em vez de seguir a lógica tradicional do “caso a caso”, Wilson Shibata passou a tratar cada processo como um projeto de alta complexidade: com fases bem delimitadas, análise de riscos, definição de metas e acompanhamento de desempenho processual. “Não dá mais para trabalhar no improviso. Processo não é uma sequência de petições — é uma estrutura que exige leitura técnica, planejamento e precisão na execução”, afirma.
Essa forma de atuar nasceu de um cruzamento raro entre vivência corporativa e conhecimento jurídico. Hoje, ela é sustentada por uma metodologia que integra jurimetria, Seis Sigma e análise de performance — ferramentas originalmente voltadas à gestão de empresas e operações industriais, mas que Wilson Shibata adaptou com rigor à lógica processual.

O que está por trás da metodologia
Na prática, essa abordagem envolve três eixos principais:
- Jurimetria: análise estatística de decisões judiciais, utilizada para prever o comportamento de determinados tribunais, juízes e até órgãos do Ministério Público, o que permite antecipar posicionamentos e ajustar a argumentação com mais precisão.
- Seis Sigma: sistema de gestão que busca minimizar falhas e otimizar resultados. No contexto jurídico, é usado para monitorar prazos, detectar gargalos no andamento processual e corrigir rotas antes que os problemas se consolidem.
- Performance processual: todo o trabalho é controlado por indicadores — como tempo médio de tramitação, tempo de resposta judicial, impacto de petições específicas — e relatórios internos que permitem tomar decisões com base em evidência, não em intuição.
“A advocacia criminal exige cada vez mais leitura técnica e inteligência processual. Isso não tem a ver com saber falar bonito em juízo, mas com saber onde está o risco, onde estão os precedentes e qual o melhor caminho para cada tipo de caso”, resume.

Alta complexidade exige mais que tese: exige estrutura
Essa estrutura de trabalho tem mostrado resultados especialmente relevantes em casos de grande porte, com milhares de páginas, diversos réus e forte componente patrimonial. Casos como a operação ‘Barões do Tráfico’, em que Wilson Shibata atuou na defesa, envolvem bloqueios superiores a R$100 milhões e um volume de provas que exige organização absoluta.
A atuação nesse tipo de processo vai além da tese jurídica. É preciso fazer leitura cruzada de dados bancários, identificar incongruências nos laudos, mapear a linha do tempo das ações penais e antecipar movimentos da acusação com base em padrões já verificados.
Segundo ele, o que faz diferença nesse contexto não é o acesso à informação — é a capacidade de processar essa informação com método. “Com milhares de documentos em mãos, o que separa uma defesa eficiente de uma defesa perdida é a forma como você lê, organiza e age. Técnica sem gestão vira volume. Gestão sem técnica vira superficialidade. O ponto de equilíbrio está nos dois.”
O futuro da advocacia está na precisão
A digitalização da Justiça, o uso crescente de inteligência artificial e o volume cada vez maior de dados nos autos indicam que o modelo tradicional da advocacia não se sustenta por muito mais tempo. Profissionais que operam com base em performance, análise técnica e visão estratégica já saem na frente.
Wilson Shibata é um exemplo disso: mesmo com um perfil discreto, onde é formado em administração de empresas e atuando fora dos grandes centros, conquistou espaço em casos densos com repercussão nacional, graças à solidez do trabalho, à precisão da estratégia e ao domínio de ferramentas pouco exploradas no meio jurídico.