IRANDUBA (AM) – Familiares, amigos e representantes de movimentos sociais participaram na tarde desta terça-feira, 18, de um ato público em protesto contra o assassinato da líder da Comunidade Portelinha, Maria das Dores Salvador Priante, e pediram segurança, justiça e cobraram do Estado a solução para o crime. O evento foi realizado na Praça dos Três Poderes, no município de Iranduba, a 68 quilômetros de Manaus.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Amazonas, deputado José Ricardo Wendling (PT), que participou do ato público, comunicou que ingressará com uma petição no Ministério da Justiça, nas Secretarias de Políticas para as Mulheres e a de Direitos Humanos do Governo Federal, Ouvidoria Agrária Nacional e Presidência da Comissão Nacional de Violência no Campo, além de outros órgãos relacionados ao assunto.
O documento, que já está pronto, pede acompanhamento das investigações para apuração do crime, que vitimou Dora Priante, dos conflitos existentes na comunidade Portelinha e adjacentes no Município de Iranduba; que sejam realizadas políticas sociais na comunidade; que se apure a omissão do Estado do Amazonas em relação ao fato, visto que 18 boletins de ocorrências foram emitidos registrando as ameaças sofridas pela líder comunitária sem que nenhuma providência tenha sido tomada para salvaguardar sua vida; apoio para a criação de uma Vara Agrária no âmbito do Poder Judiciário do Amazonas; e, medidas de proteção ao marido de Dora Priante, Gerson Priante, bem como os outros membros da direção da Associação Rural Portelinha.
O parlamentar acompanha desde abril deste ano a luta da liderança comunitária no conflito de terras na localidade. Os movimentos sociais e demais entidades que participaram do ato fizeram um abaixo-assinado em apoio à Petição. Já registraram seu apoio a Pastoral da Juventude no Meio Popular, Pastoral da Juventude, Movimento Fé e Política, Comissão Pastoral da Terra e Cáritas Arquidiocesana.
“Temos que cobrar rigor nessa investigação. Crimes como este não podem virar rotina no Estado. O governo precisa de um Plano de Segurança para o Iranduba”, afirmou José Ricardo. Ele também encaminhou requerimento pedindo providências da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP).
Participaram desta manifestação vários movimentos populares, como CPT, Cáritas Arquidiocesana, Comunidades Eclesiais de Base (Cebs), pastorais sociais, movimentos de mulheres, os vereadores Waldemir José (PT) e Professor Bibiano (PT) e a deputada estadual Alessandra Campêlo (PCdoB).
Missa de Sétimo Dia
A Missa de Sétimo Dia de Dona Dona Priante foi realizada às 17h desta terça-feira, 18, na Igreja São João Batista, em Iranduba, presidida pelo arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani. A celebração contou com gestos simbólicos em memória das mulheres que lutaram pelos direitos humanos, em especial, a Dona Dora. Uma cruz foi levada ao altar simbolizando o martírio de sete mulheres mortas no Amazonas e no Brasil: irmã Dorothy Stang (em Anapu, PA); irmã Cleuza Coelho (Lábrea, AM); Maria Goreth (Jorge Teixeira, Manaus); Margarida Alves (Alagoa Grande, PB); Maria do Espírito Santo (Marabá, PA); Dorcelina Folador (Várzea Grande, MS); e Dona Dora (Iranduba, AM).
No momento do ofertório, também foi feita uma homenagem a Dona Dora: símbolos foram levados ao altar, representando as lutas da líder comunitária, entre elas, terra (luta pela moradia), vaso (trabalho artesanal desenvolvido pelo grupo de mulheres da comunidade), painel (com fotos de reuniões, caminhadas e debates), pasta (com documentos de terra de moradores); e cesto (com frutas da terra). Após a bênção, será o momento da família prestar homenagem à líder do Portelinha.
Dois presos
A Polícia Civil do Amazonas prendeu, nesta segunda-feira, 17, e apresentou nesta terça-feira, 18, 0 caseiro Ronaldo de Paula da Silva, 21, conhecido como “Novo” e o motorista Adson Dias da Silva, 38, o “Pinguelão”, como suspeitos de participar do assassinato da líder comunitária Maria das Dores Salvador Priante.
As investigações apontam que há outras quatro pessoas envolvidas. São dois homens que entraram na casa e levaram a líder comunitária e possivelmente mais duas pessoas que estariam dentro veículo.
De acordo com o delegado titular da 31ª DIP, Paulo Mavignier, a mulher foi sequestrada de dentro da casa onde morava, na Comunidade Portelinha, em Iranduba. A vítima, que tinha 53 anos, foi executada com 12 tiros. O corpo dela foi encontrado na manhã de quintafeira, dia 13, no Ramal Santa Luzia, quilômetro 51 da Rodovia Manuel Urbano, em Manacapuru.