Por Teófilo Benarrós de Mesquita, da Redação
MANAUS – A Ceesma (Comissão Executiva das Escolas de Samba de Manaus) solicitou, na semana passada, que o desfile das Escolas de Samba do Carnaval amazonense seja realizado no dia 23 de abril, um sábado. A proposta foi apresentada pelo presidente da entidade, Didi Redman, à SEC (Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas) e ao órgão municipal reponsável pela Cultura, Turismo e Eventos – a Manauscult.
Entretanto, a ideia não é unânime entre as oito agremiações carnavalescas que disputam o Grupo Especial. A Primos da Ilha se posicionou de forma contrária ao adiamento, defendendo o cancelamento anunciado pelo governo do Estado e a manutenção da proposta inicial, de apresentação em forma de live.
O governador Wilson Lima (PSC) comunicou, no dia 14 de janeiro, que não seria possível o desfile das Escolas de Samba em 2022, em razão do avanço de casos da variante ômicron. As Escolas de Samba não desfilaram em 2021, quando os números de casos de Covid-19 também estavam em alta. Lima sinalizou com a ideia da realização de uma live, semelhante às que os Bois Garantido e Caprichoso fizeram em 2021, após o cancelamento do Festival Folclórico de Parintins.
Antes, no dia 8 de janeiro, o governo recomendou, via decreto, medidas emergenciais para conter o avanço de casos de Covid no Estado e na capital, Manaus. No dia seguinte, em obediência ao decreto, as Escolas de Samba anunciaram o cancelamento de atividades como ensaios técnicos, shows musiciais e feijoadas para arrecadação de recursos financeiros
Em nota divulgada dia 25 de janeiro, o presidente da Ceesma, Didi Redman avalia ser possível o adiamento do desfile no Amazonas, seguindo as mesmas diretrizes para a segurança dos brincantes que serão adotadas pelas Escolas de Samba do Rio de Janeiro e São Paulo. Nesses estados os desfiles ocorrerão no feriado de Tiradentes, dia 21 de abril, uma quinta-feira.
“Esse adiantamento mantém viva a chama do maior movimento da cultura popular do Brasil, além da geração de renda da classe envolvida na cadeia produtiva, tais como músicos, aderecistas, escultores, pintores, soldadores, costureiras, ferreiros, desenhistas, decoradores e outros profissionais, que se encontram há 2 anos sem oportunidade de renda”, argumenta Redman na nota emitida pela entidade carnavaleca.
Em contraponto, a Primos da Ilha se pronunciou contra a nota emitida pela Ceesma e defende a realização do Carnaval como previamente acordado. Em postagem em redes sociais, a direção disse que “a realização do desfile em 2022 deve ser cumprido conforme acordado, ou seja por realização de live”.
“Sobre os trabalhadores da cultura, somos favoráveis a editais específicos para ajudar no sustento dos mesmos. E desde já nos colocamos a disposição para fornecer as devidas declarações para comprovar que os mesmos fazem parte do quadro produtivo cultural do Carnaval. Além disso, disponibilizaremos nosso quadro administrativo e jurídico para auxiliar nossos artistas a serem contemplados nos referidos editais”, diz o texto.
A presidente da Escola de Samba, Rejane Araújo, declarou nesta segunda-feira (31) que a agremiação “sempre foi coerente com as medidas de segurança epidemiológica e neste sentido, se posiciona do lado da ciência e dos órgãos de vigilância sanitária, que aliás cancelaram o evento”.
Outro argumento apresentado contra a transferência da data é o conflito com o início dos trabalhos dos grupos folclóricos, quando os artistas passam a se dedicar ao Festival de Parintins e de outros municípios.
“Entendemos que haverá disputa de mão de obra de trabalhadores tanto do carnaval quanto dos festivais folclóricos que acontecem em vários municípios do Amazonas, bem como a divisão de público espectador”, afirmou Rejane.
O presidente da Ceesma, Didi Redman, disse nesta segunda-feira (31) que além da Primos da Ilha, nenhuma outra Escola se pronunciou de forma contrária ao pedido da entidade. Oito Escolas compõe o Grupo Especial do carnaval amazonense: A Grande Família, Aparecida, Andanças de Ciganos, Primos da Ilha, Reino Unido da Liberdade, Vila da Barra, Vitória Régia e Unidos do Alvorada.