Da Redação
MANAUS – O professor de cursinho João Batista Costa, 66, e o sargento da Polícia Militar Antônio Joselito Coutinho Viana, 53, foram presos na manhã desta segunda-feira, 22, na Operação Kori, que investiga estupro de vulnerável, satisfação de lascívia e favorecimento da prostituição em Manaus. Eles são suspeitos de abusar sexualmente de três irmãs em troca de comida, roupas e sapatos, sendo duas delas deficientes mentais, informou a delegada Joyce Coelho, da Depca (Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente).
O sargento da PM foi preso na casa dele, no bairro Redenção, na zona centro-oeste de Manaus, e o professor de cursinho foi preso quando chegava ao trabalho, na Seduc (Secretaria de Estado de Educação), no bairro Japiim, zona sul da capital amazonense. De acordo com a Seduc, o professor, que é funcionário de empresa terceirizada que presta serviços à Secretaria, não atuava em sala de aula, mas era responsável por funções técnicas na secretaria.
De acordo com a delegada Joyce Coelho, os dois presos não têm ligação um com o outro, mas foram acusados de abusar sexualmente das mesmas adolescentes. “Eles não têm nenhuma relação. É identidade de vítimas. Elas são vítimas e apontam os dois como sendo autores”, afirmou a delegada.
Em relação ao professor, Joyce Coelho afirmou que os abusos sexuais começaram quando João Batista Costa se aproximou de uma das meninas, que à época tinha 13 anos e estava em situação de mendicância nas ruas, e ofereceu a ela um trabalho de auxiliar de doméstica. “A partir desse momento, ele passou a ser uma espécie de benfeitor da família, ajudando com alimentos, roupas e calçados, e até chegar também a, segundo as vítimas, perpetrar os abusos contra as outras que hoje uma tem 15 e a outra 14 anos”, afirmou a delegada.
Ainda conforme Joyce Coelho, as três meninas são de famílias humildes e moravam próximas a uma Cicom (Companhia Interativa Comunitária), onde costumavam pegar restos de comida que eram doados pelo sargento da PM. A delegada afirmou que o policial se aproveitava da situação e abusava sexualmente delas. “Ele foi preso nessa ocasião com o mesmo relato de estupro e favorecimento da exploração sexual”, disse Coelho.
Segundo a delegada, há indícios de que os pais das adolescentes tenham participação nos crimes e eles devem ser indiciados. “É uma família muito humilde, que dependia da ajuda de mendicância. É toda uma situação social, mas nós acreditamos que sim, os pais não tinham como não saber que duas adolescentes deficientes mentais estavam sendo abusadas sexualmente”, afirmou a delegada.
A Polícia Civil afirma que a irmã mais velha, que hoje tem 19 anos, não sabia que as duas adolescentes sofriam os abusos. “Ela já estava convivendo com o seu companheiro e as irmãs foram passar uns dias na casa dela, momento em que relataram que também estavam sendo abusadas”, afirmou a delegada.
Uma terceira pessoa também foi acusada de abusar sexualmente das adolescentes. Entretanto, devido a tentativa de um dos presos de se aproximar das vítimas com objetivo de prejudicar o andamento das investigações, a Depca ajuizou pedido de prisão no plantão judicial para prender os dois acusados e abrigou as vítimas em local sigiloso, informou a delegada Joyce Coelho.
A Polícia Civil realizou busca e apreensão de equipamentos dos investigados na manhã desta segunda-feira porque as vítimas dos abusos sexuais afirmaram que os atos eram filmados e fotografados. O policial e o professor estão sendo ouvidos pela delegada Joyce Coelho.
Em nota, a Seduc informou que a prisão do professor não tem qualquer ligação com fatos ocorridos na secretaria e que repudia “qualquer tipo de comportamento de desrespeite a integridade de crianças e jovens”. A secretaria também informou que tem “forte política de prevenção e combate à violência e pedofilia nas escolas”.
Leia a nota na íntegra:
NOTA
A Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc-AM) informa que na manhã desta segunda-feira (22) a Polícia Civil (PC), por meio da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) cumpriu um mandado de prisão contra um funcionário de uma empresa terceirizada nas imediações da instituição, sem qualquer ligação com fatos ocorridos na Seduc-AM. Informa, ainda, que o mesmo não atuava em sala de aula, sendo responsável por funções técnicas.
A Seduc-AM repudia veemente qualquer tipo de comportamento que desrespeite a integridade de crianças e jovens e possui uma forte política de prevenção e combate à violência e pedofilia nas escolas. Informa, ainda que prestará todo apoio necessário às investigações para apuração do caso e informa que mais informações serão fornecidas em coletiva de imprensa por parte da assessoria de imprensa da PC.