Da Folhapress
RIO DE JANEIRO – A produção industrial brasileira caiu 1,3% em março, fechando o primeiro trimestre em queda de 2,2%, informou nesta sexta, 3, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na comparação com março de 2018, a queda foi de 6,1%.
O resultado ficou bem abaixo da projeção de analistas ouvidos pela Bloomberg, que esperavam queda de 0,6% com relação ao mês anterior e de 4,7% na comparação com março de 2018. Com o recuo, a nível da produção brasileira em março foi equivalente ao de janeiro de 2009.
“A grande realidade é que a indústria como um todo já vem numa trajetória descendente desde maio do ano passado”, comentou o gerente da pesquisa, André Macêdo.
Segundo ele, o desemprego e as incertezas entre investidores e consumidores explicam o resultado do ponto de vista do mercado interno. Há também fatores externos, como a crise argentina, e pontuais, como corte de operações no setor de mineração após a tragédia de Brumadinho (MG).
Os maiores impactos negativos no resultado de março vieram das indústrias de produtos alimentícios, que teve queda de 4,9%, veículos automotores (-3,2%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (-2,7%).
Dos 26 grupos analisados pelo instituto, 16 apresentaram queda em março. Entre os que apresentaram resultado positivo, o destaque foi o setor de produtos farmacêuticos, com alta de 4,6%.
Na comparação com o último trimestre de 2018, a produção industrial nos primeiros três meses sob o governo Jair Bolsonaro recua 0,7%. É a maior retração desde o quarto trimestre de 2016, disse Macêdo.
Três das quatro grandes categorias econômicas registraram recuo em março: bens intermediários (-1,5%), bens de consumo duráveis (-1,3%) e bens de consumo semi e não duráveis (-1,1%). A única taxa positiva se deu na produção de bens de capital (0,4%), que no trimestre registra expansão de 5,1%.
Dados compilados pela consultoria IHS Markit mostram que a situação não melhorou em abril. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), calculado pela consultoria, teve no mês o resultado mais fraco em seis meses.
Na comparação com março de 2018, o IBGE detectou recuo em 22 dos 26 ramos pesquisados. Os destaques negativos nessa base de comparação são a indústria extrativa (-14%) e veículos automotores (-13,3%).
A indústria extrativa permanece sentindo os efeitos da tragédia em Brumadinho (MG), que contabiliza até o momento 233 mortos e 37 desaparecidos, e recuou 1,7% no mês. No primeiro trimestre, a produção do setor acumula queda de 17,6%.
O rompimento da barragem Córrego do Fundão levou autoridades a decretarem a suspensão de operações em diversas barragens em Minas Gerais, com impacto sobre a produção nacional de minério de ferro.
“Não por acaso, na comparação com março de 2018 ou entre os primeiros trimestres, a indústria extrativa tem a maior influência negativa”, afirmou Macêdo.