Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – A partida entre Amazonas e Paysandu, na Arena da Amazônia no sábado (9), começou sem o funcionamento do VAR (sigla em inglês para árbitro assistente de vídeo), equipamento usado para auxiliar nas decisões da equipe de arbitragem em caso de dúvidas em lances como impedimentos, cartões ou avanço da bola nas linhas de gol e laterais.
Em nota, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) disse que o aparelho apresentou problema no hardware e só entrou em operação aos 36 minutos do primeiro tempo. A informação foi passada pela empresa responsável pelo funcionamento do VAR, a Broadmedia.
A empresa classificou a falha como “grave” e pediu “sinceras desculpas, à CBF, demais entidades e torcedores pelo atraso da operação na partida”.
“Por motivos técnicos, tivemos no Estádio Arena da Amazônia, um grave problema com o servidor de replay, que causou atraso na operação da partida entre Amazonas x Paysandu, válido pela Série C. Tentamos, junto com a nossa equipe de suporte todos os procedimentos para recuperá-lo, sendo detectado um problema no hardware”, diz a Broadmedia em nota à CBF.
“Então utilizamos o nosso equipamento de backup para realizar a substituição do servidor de replay. O equipamento foi disponibilizado para o início dos testes por volta dos 12 minutos de jogo, com a operação sendo assumida pela arbitragem de forma completa aos 36 minutos de jogo. O equipamento que apresentou falha vai ser encaminhado para nossa manutenção para reparo imediato”, explica a empresa.
A partida teve pancadaria no final, após a anulação de um pênalti marcado a favor do Amazonas, depois de consulta ao VAR. O Paysandu venceu por 1 a 0, gol do atacante Mário Sérgio, de pênalti, aos 17 minutos do primeiro, quando o equipamento não estava em funcionamento, mas, de acordo com a nota da Broadmeia, em testes de uso.
A diretoria do Amazonas protestou pela ausência do VAR e acusou falta de equilíbrio nas decisões da arbitragem. “O clube entende que a decisão de iniciar o jogo sem a ferramenta até os 36 minutos do primeiro tempo, causou desequilíbrio técnico nas decisões tomadas pela péssima arbitragem, comandada pelo baiano Marielson Alves Silva”, diz texto de nota emitida pelo Amazonas ainda no sábado, logo após a derrota.
“O pênalti que deu a vitória ao adversário não foi revisado, enquanto o que foi marcado ao nosso favor, contou com interferência direta do árbitro de vídeo, ferindo, por completo, o princípio da isonomia”, é outra parte da nota. “O VAR demorou cerca de 10 minutos para traçar linhas e detectar um possível – e não claro – impedimento na jogada que culminou com a marcação da penalidade ao nosso favor”, completa.
A reclamação foi reforçada pela FAF (Federação Amazonense de Futebol) em nota divulgada na manhã desta segunda-feira (11). “É com grande preocupação que destacamos um aspecto crucial desses eventos: a indisponibilidade do sistema VAR durante todo o primeiro tempo da partida. O VAR, que desempenha um papel vital na revisão de lances críticos, não esteve operacional até o segundo tempo da partida, o que afetou significativamente o andamento do jogo e, consequentemente, a revisão do lance do pênalti em desfavor do Amazonas”, diz a federação no comunicado.
“Reafirmamos nossa convicção de que todos os jogos devem ser conduzidos com equidade e rigor, independentemente das circunstâncias. A ausência do VAR no primeiro tempo é um fato que merece nossa atenção, e estamos comprometidos em buscar as devidas explicações e garantir que situações similares sejam evitadas no futuro”, acrescenta a FAF.
“Tomaremos medidas junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para identificar os responsáveis pela ausência do VAR no primeiro tempo e avaliar as razões desse ocorrido”, promete a federação.
O uso de VAR não é obrigatório nos jogos do quatro divisões do Brasileirão. No regulamento da Série C, o artigo 40 diz que “os clubes participantes do Brasileiro Série C concordam que a CBF poderá fazer uso da tecnologia do VAR como suporte ao árbitro. Os clubes aceitam que a tecnologia poderá ser utilizada em todas ou algumas partidas, sempre que possível”.
A parte final do artigo 40 alerta sobre possíveis falhas no sistema VAR. “[Os clubes] concordam que eventual impedimento total ou parcial no uso da tecnologia durante uma partida, bem como qualquer falha ou desconformidade na operação do VAR, não constituirão base para pedido de anulação da partida correspondente, nem servirão como fundamento para qualquer pleito de natureza indenizatória”.
As mesmas observações estão no regulamento da Série D (no artigo 37), da Série B (artigo 30) e da Série A (artigo 33).