Da Folhapress
BRASÍLIA – O subsecretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado americano, Keith Krach, afirmou nesta nesta quarta-feira, 11, que a ação dos Estados Unidos para limitar a participação da Huawei nas redes de 5G continuará sendo uma prioridade de Washington, não importa quem esteja na Casa Branca.
Com isso, Krach – que está em visita oficial ao Brasil – indicou que as pressões americanas junto ao governo brasileiro para banir a empresa chinesa da tecnologia de telecomunicações de quinta geração deve permanecer com o democrata Joe Biden no poder.
“Esse tema relacionado ao Partido Comunista Chinês é bipartidário e unifica os dois lados da política americana, democratas e republicanos. Não vai mudar. Os dois lados entendem a significância estratégica do 5G e as suas implicações. É uma grande mudança de paradigma tecnológico e democratas e republicanos entendem que a Huawei é a empresa mais importante para a China, que ela é a extensão do seu estado de vigilância”, disse Krach, em conversa com jornalistas em Brasília.
Na noite de terça, 10, Krach participou no Itamaraty de um ato em que o governo brasileiro declarou apoio aos princípios do Clean Network, uma iniciativa americana sobre segurança nas redes que tem como alvo limitar a presença chinesa no setor.
Trata-se de mais uma indicação do governo brasileiro de que pretende bloquear ou ao menos limitar a presença da empresa chinesa no futuro mercado de 5G. O leilão das frequências do 5G no Brasil está previsto para o ano que vem.
Segundo interlocutores do setor, os princípios do Clean Network são compromissos que os países prometem seguir na área de segurança de redes. Dessa forma, a adesão do Brasil não significa o banimento da Huawei, mas é uma sinalização relevante de que o governo pretende seguir esse caminho no futuro.
O Departamento de Estado não usa meias palavras para definir os objetivos da iniciativa. Em seu site, a diplomacia americana diz que o Clean Network é uma abordagem para proteger a privacidade de cidadãos e as informações sensíveis de empresas de intrusões agressivas de atores malignos, como o Partido Comunista Chinês.
Embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, foi na mesma direção de Krach e ressaltou que o cerco às empresas chinesas na área de telecomunicações é uma prioridade bipartidária em Washington.
“Claro que não temos uma bola de cristal, não podemos prever o futuro. Mas existe um amplo consenso nos EUA que isso é importante e acho que foi isso que o subsecretário (Krach) disse durante a sua fala”, disse.
Na conversa com jornalistas, Krach e Chapman não comentaram a turbulência que ocorre no momento na transição americana. Donald Trump se recusa a reconhecer a derrota para Biden e o secretário de Estado, Mike Pompeo, disse na terça que haverá uma transição pacífica para um segundo mandato do republicano.
Krach e Chapman não citaram Trump ou Biden. Mas o subsecretário destacou a importância do que chamou de transição pacífica de poder.
“Não há questão que, em termos de segurança nacional, uma transição suave e garantir que todos estão trabalhando duro para passar o bastão… Eu sei que que o secretário Pompeo e todos nós estamos comprometidos com isso”.