Da Redação
MANAUS – A presença humana em áreas de floresta contribui para a proliferação da malária, mesmo com as estratégias de prevenção e combate à doença, pois aproxima o contato da população com o mosquito transmissor, afirma Cristiano Fernandes, diretor-técnico da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas).
Cristiano Fernandes diz que os mosquitos do gênero Anopheles, hospedeiros do parasita Plasmodium, responsável pela doença, vivem em áreas naturais. “O mosquito da malária se produz em um ambiente silvestre, natural, em igarapés, lagos que são comuns aqui na nossa região. A medida de prevenção para a malária é principalmente evitar os locais de borda de mata, de igarapés, principalmente no período da noite”, explica.
Conforme Fernandes, os nove estados da região Norte são responsáveis por mais de 95% da malária registrada no país devido as características da localidade. “Então, nós temos hoje cerca de 97% da floresta preservada aqui no nosso estado, com os igarapés, rios, coleções hídricas que servem de criadouro natural para o mosquito. Em virtude dessa situação, das condições ambientais, a doença tem uma incidência maior aqui na região” afirma.
Cristiano Fernandes recomenda que, além de evitar os locais de borda de mata e igarapés, principalmente no período da noite, a população pode utilizar mosquiteiros impregnados com inseticidas diariamente, além do diagnóstico precoce e o tratamento. “Lembrando que a malária tem cura. Quanto mais rápido for feito o diagnóstico e o tratamento a chance de você eliminar a malária naquele território é muito grande”, diz.
Conforme o diretor, são mil laboratórios distribuídos em todo o Amazonas para garantir o acesso ao diagnóstico, além de medidas de educação e saúde e permanência dos agentes comunitários de saúde em comunidades mais remotas.
O número de casos notificados de malária no Amazonas caiu 20% no período de janeiro a agosto de 2019 em comparação com o mesmo período do ano de 2018, passando de 51,6 mil para 41 mil, segundo a FVS. Apesar disso, alguns municípios estão sinalizando com o aumento de malária, diz Cristiano Fernandes. “São municípios que a gente também está fazendo uma abordagem para que retomem as ações de controle”, afirma.
Boletim
O Boletim Epidemiológico de Malária da FVS aponta que, dos 62 municípios amazonenses, 38 cidades apresentaram redução de incidência da doença: Tabatinga, Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Tonantins, Fonte Boa, Jutaí, Alvarães, Japurá, Juruá, Tefé, Anamã, Anori, Manacapuru, Novo Airão, Codajás, Autazes, Careiro, Careiro da Várzea, Iranduba, Manaus, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira, Itacoatiara, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Silves, Urucará, Maués, Carauari, Envira, Guajará, Itamarati e Borba.
Já os municípios que apresentaram aumento da incidência da doença foram 20: São Paulo de Olivença, Maraã, Uarini, Beruri, Caapiranga, Coari, Manaquiri, Nova Olinda do Norte, Nhamundá, Eirunepé, Ipixuna, Boca do Acre, Canutama, Lábrea, Pauini, Tapauá, Apuí, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã. Outras três cidades do Amazonas (Urucurituba, Boa Vista do Ramos e Barreirinha) não apresentaram nenhum caso de malária.