Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Uma auditoria da Prefeitura de Manaus nas dez empresas de transporte de passageiros que têm concessão de linhas na capital amazonense identificou altos gastos e má gestão. Há casos de supersalários de R$ 40 mil pagos a executivos, segundo estudo elaborado pela Ageman (Agência Reguladora do Município de Manaus). A inspeção ainda não foi concluída, segundo o diretor da Ageman Fábio Alho.
O prefeito Arthur Virgílio Neto afirmou que a auditoria constatou “salário gorduroso” nas empresas. “Nós fizemos uma auditoria e detectamos gorduras, como o salário de executivo de R$ 40 mil. Talvez nem no Distrito Industrial estejam pagando isso”, disse Arthur Neto.
As duas empresas que mais apresentam problemas, segundo a Ageman, são a Açaí Transportes e a Global Green. “Elas não servem para nada”, disse o prefeito, nesta segunda-feira, 8, ao vistoriar o início de obras de passagens subterrâneas na Avenida Constantino Nery, na zona centro-sul da capital.
Para combater essas ‘gorduras’, Fábio Alho afirmou que é necessário que o Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas) busque a otimização de gestão e o combate aos “gargalos das finanças”. Alho disse que as empresas que não estão ‘sadias’ devem deixar de atuar no sistema. “A gestão do Sinetram precisa ser otimizada, mas não é só isso. Você tem que ter uma gestão mais atuante e os gargalos de finanças devem ser combatidos e resolvidos pelos empresários. Empresas que não estão sadias dentro do sistema têm que ser expelidas”, afirmou.
Reajuste da tarifa
Questionado sobre o reajuste da tarifa do ônibus em 2019, o prefeito disse que “nem os empresários querem” devido à concorrência apertada com mototaxistas, motoristas por aplicativos e taxistas. “Está bem mais difícil, bem mais complicado o quadro. Os próprios empresários têm dúvidas porque eles perderam passageiros”, afirmou o prefeito.
O Sinetram informou que as empresas tiveram déficit de R$ 313,4 milhões acumulado nos últimos dois anos. O sindicado diz que o motivo foi a queda do número de passageiros e, por isso, as empresas não apresentaram proposta de reajuste do valor da passagem este ano.
A auditoria identificou a necessidade de “uma boa engenharia de trânsito”, segundo Arthur Neto. “Nós concluímos que se a gente fizer uma boa engenharia de trânsito, vai reencurtar o tempo, vai evitar um ônibus vazio atrás do outro. E eles devem trazer ônibus novos também”, disse Arthur Neto.
A auditoria foi anunciada em dezembro do ano passado depois que a prefeitura emprestou R$ 7,8 milhões para pagar o 13° salário dos rodoviários, que ameaçaram paralisar as atividades devido ao atraso do pagamento do salário. À época, o prefeito afirmou que queria ter “a própria versão dos números e saber o que está dando prejuízo”.
(Colaborou Patrick Motta)