MANAUS – A prefeita interina de Iranduba, Madalena de Jesus, a Madá do Iranduba, exonerou todos os secretários da administração do prefeito Xinaik Medeiros, que está preso em Manaus desde terça-feira, 10. Ela tomou posse no cargo depois da prisão do prefeito, na terça-feira. As exonerações começaram a ser feitas nesta quinta-feira, 12. Além dos secretários ela informou ao AMAZONAS ATUAL, por telefone, que também exonerou 78 servidores que ocupavam cargos comissionados na administração municipal e suspendeu contratos com empresas denunciadas pelo Ministério Público do Estado por participação na organização criminosa que atuava na Prefeitura de Iranduba.
A prefeita Madalena de Jesus também disse que confia nos vereadores da Câmara Municipal de Iranduba em um eventual processo de cassação do mandato de Xinaik Medeiros. Um pedido de cassação será apresentado nos próximos dias e deverá ser discutido na próxima sessão ordinária da Câmara, na terça-feira, dia 17 [a Câmara Municipal tem apenas uma sessão ordinária por semana]. “Não é por mim, mas pelo povo de Iranduba que os vereadores precisam olhar. Eu confio que eles vão olhar pelo povo de Iranduba”, disse.
Questionada se não sabia do esquema de corrupção na Prefeitura de Iranduba, já que é vice-prefeita, Madalena de Jesus afirmou que não sabia, mas desconfiava. Ela contou à reportagem que assumiu a Secretaria de Saúde no início da gestão de Xinaik Medeiros, mas ficou menos de dois meses no cargo, e foi exonerada. “Depois, quando voltei ao gabinete de vice-prefeita, eles tinham trocado a fechadura. Me isolaram totalmente da administração. Eu atendia nos corredores ou debaixo das árvores”, disse.
A operação
O Ministério Público do Amazonas deflagrou na terça-feira, 10, a Operação “Cauxi”, que desarticulou uma organização criminosa no município de Iranduba, que resultou na prisão do prefeito Xinaik Silva de Medeiros, três secretários e da irmã de Xinaik, Nádia Medeiros, tesoureira do Fundo Municipal de Saúde.
Xinaik foi preso pela polícia depois de se apresentar na sede do MP-AM às 10h15 de terça-feira, acompanhado de um advogado. Ele é suspeito de integrar um esquema de desvio de dinheiro e fraudes em licitações na prefeitura do município. O desvio ultrapassa R$ 56 milhões em recursos municipais e estaduais.
Em Iranduba, a polícia prende, além da irmã do prefeito, Davi Queiroz, secretário de Finanças; Edu Corrêa Souza, presidente da Comissão Geral de Licitação da prefeitura e André Maciel Lima, secretário de Infraestrutura.
Na residência do prefeito, as equipes apreenderam mais de R$ 20 mil reais, além de joias e um carro que estaria no nome de uma das empresas envolvidas no esquema criminoso de fraudes em licitações.
O Ministério Público identificou o pagamento de propina aos gestores por empresas contratadas para realizar obras e serviços no município de Iranduba e fraudes em licitações. De acordo com Lauro Tavares, promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), a investigação aponta irregularidades em, ao menos, 127 licitações de obras e serviços que seriam executados na cidade. Os casos envolvem, além de obras, irregularidades nos serviços de transporte escolar, coleta de lixo da cidade, entre outros.
“17 processos licitatórios não foram encontrados nem na Comissão Permanente de Licitação, nem na secretaria de Finanças, nem no gabinete do prefeito, o que indica a possibilidade desses processos sequer tenham realmente existido. São valores que foram pagos, sem que tenha existido efetivamente a formação desses processos licitatórios”, disse o promotor.