Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Prédios históricos abandonados no Centro de Manaus representam risco aos pedestres e à segurança pública e expõem o descaso com o patrimônio arquitetônico da cidade. Sem manutenção há décadas, as construções correm o perigo de desabar a qualquer momento, além de servir como esconderijo para assaltantes.
Segundo Antônio Vieira, que possui uma oficina próxima a um prédio abandonado entre as avenidas Sete de Setembro e Frei José dos Inocentes, no sítio histórico da capital, o local é sempre visitado por turistas que se deparam com a situação precária da construção.
“Eu fico vendo os turistas batendo foto, mas que Centro Histórico é esse? Agora quem é a pessoa que faz a liberação a gente nunca sabe. Vem reportagem, vem pessoas comentando sobre esse Centro Histórico dessa forma. Dizem que vai sair esse ano, mas eu fico no aguardo aqui”, disse, lamentando a demora para que haja a liberação da reforma e ocupação do lugar.
Outra construção, localizada no cruzamento das avenidas Leonardo Malcher e Getúlio Vargas, como a maioria das demais que estão no mesmo estado, se encontra tomada por vegetação, coberta de pichações e sem iluminação adequada. Além de causar temor na população que passa pelo local, sobretudo à noite, o prédio pode ser foco de incêndio, devido suas instalações elétricas antigas.
Santa Casa
A Santa Casa de Misericórdia, na Rua 10 de Julho, antigo hospital de referência em Manaus segue abandonada há dez anos. Em abril deste ano, o MPF (Ministério Público Federal) publicou edital para selecionar projetos que executem ações de conservação e recuperação do prédio. As propostas foram apresentadas entre os dias 20 de abril e 20 de maio ainda não foram trazidos ao conhecimento da população.
Quem é o responsável?
Em nota, a Prefeitura de Manaus informa que mantém em andamento 10 projetos referentes a prédios e patrimônios históricos no Centro de Manaus. Segundo a Manauscult (Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos), as obras integravam o projeto “PAC Cidades Históricas”, do Governo Federal, mas devido atrasos de recursos, este ano as obras passaram a ser executadas pela administração direta no projeto intitulado “Manaus Histórica”.
Segundo a Fundação, novos projetos estão em execução, como o restauro do Pavilhão Universal, orçado em R$ 1.088 milhão, e da Biblioteca Pública Municipal João Bosco Pantoja Evangelista, orçada em R$ 2,3 milhões, ambas licitadas e com obras em execução. Os próximos a receberem obras deverão ser os prédios da antiga Câmara já em licitação, e o Les Artistes Café Teatro, com projeto em fase final de elaboração.
Entretanto, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) informa que Manaus está no grupo de 44 cidades brasileiras contempladas pelo PAC Cidades Históricas e que no programa estão inclusos a requalificação da praça Adalberto Vale, da praça Tenreiro Aranha e o restauro do Pavilhão Universal e sua transferência da praça Tenreiro Aranha para a praça Adalberto Vale. Juntos, os três projetos somam R$ 3,4 milhões.
Segundo o Instituto, a Prefeitura de Manaus é parceira do Iphan na execução de outras seis ações previstas pelo programa.
Patrimônio Histórico
Segundo o Iphan, embora o Centro Histórico tenha sido reconhecido como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto em novembro de 2010, a gestão, conservação, limpeza e segurança continuam sendo responsabilidades dos proprietários, cabendo ao Iphan o acompanhamento da preservação do bem.
De acordo com o órgão, são dois mil imóveis que compõem o conjunto tombado do Centro Histórico e Porto de Manaus e por isso é preciso mais do que o investimento federal para conservação do patrimônio. Tanto o governo federal quanto os governos estaduais possuem programas de incentivo para a recuperação de bens culturais, diz o Iphan.
Consultada pela reportagem, a Secretaria de Cultura do Amazonas não se manifestou até a publicação desta matéria.
(Colaborou Patrick Motta)