Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – Queimadas frequentes, poucas chuvas e os ventos fracos nesta época do ano contribuem para a concentração de fumaça de incêndios florestais em Manaus, afirma Rodrigo Souza, doutor em meteorologia e professora da UEA (Universidade Federal do Amazonas). O especialista diz que, a depender das queimadas, a “pluma de fumaça” pode se estender ainda por várias semanas na cidade e regiões próximas.
Desde sábado (10), Manaus e a Região Metropolitana estão encobertas por fumaça. A concentração é maior na orla do Rio Negro e alguns bairros da capital como Centro, Ponta Negra, Adrianópolis e Mauazinho. Na terça-feira (13), a Ponte Rio Negro ficou encoberta pela nuvem de fumaça.
“Não é uma poluição localizada. Ela cobre uma área maior do que a região metropolitana. Portanto não é um problema pontual, no rio ou na ponte”, diz Souza.
O especialista afirma que o problema da retenção da fumaça não é provocado pela estrutura horizontal da cidade de Manaus. Para o professor, a escala do problema é “espacial” e maior do que a cidade.
“A chuva que caiu sobre a cidade foi local, não sobre as queimadas (os focos). Esse período (de meses) é caracterizado por ventos fracos e poucas chuvas. Então, a fumaça que vai para a atmosfera demora a se deslocar e dissipar”, diz.
Na manhã desta quarta-feira (14), a qualidade do ar em Manaus era considerada ruim em todas as zonas da cidade. Por volta das 16h14, após chuva intensa, o Selva (Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental) da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), registrava classificação boa em todas as zonas habitacionais.
A área metropolitana engloba Manaus e mais sete municípios (Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Novo Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva) e possui uma área de 101.475 km². Conta com 2.446.629 habitantes, conforme estimativa populacional do IBGE.
Conforme o físico Ernst Hamburger (1933-2018), o que é mais leve sobe. “A fumaça, ao sair da brasa, por exemplo, segue o caminho mais curto, reto. Em contato com o ar, ela se resfria à medida que sobe reta. Quando ela se resfria, as temperaturas se igualam (a temperatura da fumaça e a do ar). Quando as temperaturas se igualam, a fumaça se espalha”.