Por Renato Machado, da Folhapress
BRASÍLIA – O novo ministro do Turismo, Celso Sabino, tomou posse na manhã desta quinta-feira (3) em uma cerimônia no Palácio do Planalto.
O evento teve o presidente Lula (PT) ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de quem o novo ministro é aliado. Lula não discursou.
Também estavam presentes os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que são cotados para entrar no governo.
Lula e o presidente da Câmara estiveram reunidos por alguns minutos, antes da posse. O líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), buscou despistar e disse que os dois trataram apenas de “amenidades”.
Elmar afirmou que a posse de Sabino tem uma “capacidade política muito grande” de impulsionar o apoio de sua bancada ao governo. No entanto, ressaltou que existe uma parcela dos deputados do partido que têm diferenças com o governo e que isso precisará ser respeitado.
Na mesma linha, o presidente nacional da União Brasil, Luciano Bivar, acrescentou que a entrada de Sabino no governo não significa que o partido esteja “dogmaticamente” com o governo.
“Acho que essa posse é muito emblemática com a junção, com o apoio da União Brasil ao governo. Mas não significa que dogmaticamente esteja com o governo. A qualificação de Sabino vai fazer com que haja mais apoio às pautas que diz respeito ao governo”, afirmou.
Sabino conversou com jornalistas após a cerimônia. O ministro foi questionado sobre qual o impacto no aumento e consolidação da base do governo a sua posse teria, mas evitou responder diretamente.
“Penso que o ministro [das Relações Institucionais, Alexandre] Padilha tem feito um excelente trabalho para melhorar essa interlocução. Vejo hoje aqui com a presença de um grande número de deputados, de vários partidos prestigiando essa posse. Acho que o governo tem o mesmo interesse do Congresso de promover o bem da nação brasileira, desenvolver o Brasil”, afirmou.
“Acho que quando você junta pessoas com o mesmo objetivo, para trabalhar juntos, para elaborar projetos juntos, programas políticos juntos, a tendência é que todo mundo continue nessa caminhada e isso passa também pela ampliação e fortalecimento da base no Congresso”, completou.
Durante o seu discurso, Sabino disse que vai lançar um programa para abaixar o preço do turismo no Brasil para pessoas idosas e de baixa renda.
“Para incrementar o fluxo turístico interno, lançaremos o ‘Conheça o Brasil’, pois muitos brasileiros ainda não conhecem o seu próprio país. É um programa de estímulo a viagens por meio de parcerias com a iniciativa privada, que ofertará descontos para pessoas da melhor idade e para trabalhadores de baixa renda.”
Sabino já comanda a pasta há quase um mês, após a publicação de sua nomeação no Diário Oficial da União, no dia 14 de julho. No entanto, não havia sido empossado oficialmente.
Ele substitui Daniela Carneiro, que deixou o cargo após grande pressão da União Brasil e do bloco político centrão. A ex-ministra não compareceu à posse de seu sucessor e não foi citada em nenhum dos discursos.
O imbróglio envolvendo a então ministra Daniela Carneiro durou mais de um mês, até culminar na sua demissão. A União Brasil pressionou o Palácio do Planalto pela substituição, considerando que ela não representava uma indicação do partido para o governo.
A ex-ministra e deputada federal tenta no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se desfiliar da União Brasil, após divergências de seu grupo político com a legenda. Como é uma deputada, ela precisa de autorização da Justiça para não perder o seu mandato.
O seu marido, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, já migrou para o Republicanos.
Lula e seus aliados buscaram resolver o impasse de uma maneira que a saída não representasse uma ruptura com o casal e seu grupo político, que foram importantes para atrair votos para o petista no Rio de Janeiro. Além disso, Waguinho e Daniela eram apontados como importantes para atrair o público evangélico.
Celso Sabino, por sua vez, é aliado do presidente da Câmara. A sua indicação marcou, portanto, o ingresso do bloco centrão no governo.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o novo ministro afirmou que o centrão está se tornando uma “coisa positiva”.
“Antigamente se falava no centrão como uma coisa pejorativa. Agora o centrão já está virando uma coisa positiva. Eu me considero uma pessoa ponderada. Não busco os extremos, mas quero fazer aquilo que seja o melhor para o nosso país, políticas sociais que são importantes para o Brasil”, afirmou.
O governo Lula ainda discute novas substituições em seu primeiro escalão para atrair outros partidos de centro, em particular o Republicanos e o PP, a legenda de Lira.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, é considerado certo por membros do Planalto e do Congresso Nacional que André Fufuca e Silvio Costa Filho serão nomeados ministros. Mas ainda não há consenso sobre quais pastas eles irão chefiar.
Ao chegar para a posse de Sabino, Silvio Costa Filho desconversou sobre a possibilidade de ser ministro. Disse que era preciso “aguardar o tempo do presidente”.
“Acho que agora é aguardar o tempo do presidente Lula, que tem sinalizado conversar com partidos, com lideranças, portanto, conversar com o presidente Arthur Lira, para cada vez mais a gente ampliar o diálogo do Congresso com o governo federal”, afirmou.
O PP mira o Desenvolvimento Social, chefiada por Wellington Dias (PT), e o Republicanos, o Ministério do Esporte, comandado pela ex-atleta Ana Moser. A atual ministra também esteve na posse de Sabino. Está na mesa a hipótese de entregar a pasta social ao centrão, mas retirar do escopo dela o Bolsa Família marca das gestões do PT.