Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – O PCdoB decidiu, em reunião da Comissão Política Estadual ampliada com a participação do Comitê Estadual, no sábado, apoiar a candidatura do senador Eduardo Braga a governador do Amazonas na eleição suplementar de 6 de agosto. De acordo com o presidente estadual do partido, Eron Bezerra, três critério foram considerados na decisão: não pulverizar candidaturas, apoiar um candidato eleitoralmente viável e, o mais importante, compor com uma candidatura que seja contra as reformas do governo Temer.
Eron afirma que o grupo de José Melo e Omar Aziz vêm utilizando nas últimas eleições a tática de pulverização de candidaturas para favorecer o candidato que quer eleger. “Foi assim em 2014, com a candidatura de Marcelo Ramos, que era uma candidatura para dispersar forças; fizeram a mesma coisa agora, para a prefeitura [em 2016]”, disse.
De acordo com o presidente do PCdoB, esse grupo tem alcançado “um certo êxito”, até por “ingenuidade de alguns e vigarice de outros”. “Alguns realmente acham que podem competir com essas estruturas, mas outros estão dentro de um projeto, até recebendo financiamento dessas campanhas, para poder cumprir esse papel”, disse.
Candidato viável
O segundo critério adotado pelo PCdoB para apoiar Eduardo Braga foi o de abraçar uma candidatura eleitoralmente viável. “Isso é uma decorrência do primeiro critério. Se a gente acha que a tática da pulverização não é correta, a derivada é propor uma chapa mais ampla possível eleitoralmente viável”.
Com base nesses dois critérios, o PCdoB decidiu que não teria candidatura própria e nem apoiaria um candidato como José Ricardo (PT), com quem os comunistas disputaram a Prefeitura de Manaus em 2016, indicando Yann Evanovick como vice. “O José Ricardo é um candidato da dispersão e a candidatura dele não é eleitoralmente viável”, disse Eron Bezerra.
Contra as reformas
O presidente do PCdoB disse que o partido colocou na mesa, na reunião de sábado, todos os políticos que já se apresentaram como candidatos para a eleição suplementar e avaliou quais deles são contra as reformas propostas pelo governo de Michel Temer, principalmente as reformas trabalhista e da Previdência. Considerando os dois primeiros critérios, segundo Eron, o único que atende a esse terceiro critério é Eduardo Braga.
“O critério mais importante é que essa candidatura só poderia receber apoio do partido se fosse contra as reformas trabalhista e previdenciária. Diante dessa análise, passamos em revista todos os candidatos. A única candidatura, que a nosso modo de entender, preenche os critérios básicos desses três pressupostos é a pré-candidatura do Eduardo. Por essa razão, o partido decidiu indicar apoio à pré-candidatura de Eduardo Braga”.
Indicação de vice
Eron Bezerra disse que o partido não conversou e não decidiu condicionar apoio a Eduardo Braga à indicação do candidato a vice na chapa. “Nós não podemos tomar uma decisão dessas e condicionar a ter o vice do PCdoB, embora o partido tenha nomes e vai colocar, no momento oportuno, se for necessário, à disposição”.
O presidente do PCdoB afirma que se o partido impusesse um nome para vice, estaria adotando uma prática que a própria sigla condena: uma candidatura que se lança e pede adesão dos outros. “Eu acho que essa não é uma atitude correta, porque a pessoa tá dizendo de antemão que não quer discutir uma candidatura viável”.
O PCdoB realizará convenção no dia 16 de junho, mas Eron afirma que a decisão já está tomada. “A convenção é um mero ato formal. As decisões do partido pelo estatuto, são tomadas pela Comissão Política Estadual”, disse.
Histórico com Braga
O PCdoB desde a abertura democrática, nos anos de 1980, sempre atuou na oposição aos governos estaduais no Amazonas, até 2006, quando decidiu coligar com o PMDB do então governador Eduardo Braga, que concorria à reeleição. Naquele ano, Braga derrotou Amazonino Mendes no primeiro turno. O PCdoB passou, então, a fazer parte do governo e conseguiu duas secretarias: de Produção Rural e de Esportes.
Braga saiu do governo em 2010 para concorrer ao Senado, e foi substituído pelo vice-governador Omar Aziz (PSD). O PCdoB permaneceu no grupo até 2014, quando abandonou o governo para se aliar a Eduardo Braga, que já estava rompido com seu antigo grupo, agora comandado por Omar Aziz. Na disputa pelo governo do Estado, o PCdoB compôs a coligação Renovação e Experiência, que foi derrotada pelo candidato à reeleição, José Melo (Pros).
Em 2016, depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff, quando o PMDB e Eduardo Braga votaram para depor a petista do cargo e colocar Michel Temer na presidência, o PCdoB rompeu com o PMDB. Nas eleições municipais, em Manaus, o partido fez uma composição com o PT, que teve como candidato a prefeito José Ricardo. Os comunistas indicaram Yann Evanovick para vice.