Podemos afirmar que não existe uma receita pronta para o processo de transformação digital, principalmente nos modelos de roadmaps, onde nos diversos tipos encontramos 4, 5, 9 dimensões, programas, trilhas e etc, portanto existem inúmeras possibilidades de desenvolvimento e criação da trilha tecno-digital da organização.
Agora imaginemos que em 1911, dois exploradores terminavam os preparativos para tornarem-se o primeiro grupo de humanos a chega ao polo sul. Várias decisões foram tomadas que resultaram na vitória de um e a derrota de outro.
Cães ou pôneis?
Por onde começar? Pelo exame inicial. O qual podemos chamar de 1a. percepção das variáveis empresariais e como se relacionam com o seu ecossistema de negócio, já contemplando os aspectos das tecnologias e sobretudo as pessoas envolvidas no processo de geração de valor.
Amudsen escolheu cães enquanto Scott os pôneis que aliás morreram, já os cães serviram mais tarde para alimentar o restante da matilha. Scott levou apenas um termômetro é uma bússola, um risco quando estavam a trinta graus negativos. Amudsen levou vários equipamentos reservas e adotou ações para garantir a sobrevivência dele e de seu grupo. A geração de valor naquele caso é, além da jornada de ida e volta, manter-se vivo.
Ao considerar o processo de geração de valor, já deixa bem claro o escopo definido a ser explorado, seja pelas suas relações endógenas – habilidades, competências e prontidão existentes, como as exógenas, de que forma a organização enfrenta seu ecossistema. E daí, surge algumas possíveis inferências, principalmente na sua maturidade relacional entre as suas diversas dimensões.
Estratégia e cadeia de valor
O valor estratégico empresarial é importante por que comporta todas os caminhos e ações a serem trilhados, e ao mesmo tempo inibe possíveis dispersões de energias ou experimentações fora do escopo. Neste momento a liderança precisa estar presente e induzir todo o processo de transformação, que aliás com essa condução, reduz grande parte das restrições à mudança. E deve deixar claro a visão de futuro da transformação digital. Apontar para o polo sul ou polo norte.
Essa visão de futuro vai ser traduzida, na forma pela qual a organização se relaciona com o cliente, com o mercado e os seus acionistas. Nesta altura o importante é entender a composição orgânica, do processo de geração de valor, e como se transforma em retorno sobre investimentos (ROI).
Amudsen viveu com os esquimós, em várias oportunidades buscou se familiarizar com o ambiente de baixas temperaturas, e sobretudo procurou estar preparado fisicamente e com planos claros de atuação.
Mão que segura a bússola
Com a bússola voltada para o ponto certo, o passo seguinte é um mergulho sobre as pessoas, e suas responsabilidades no processo, permitindo a visualização de possíveis “gaps” de conhecimento para os alcance do objetivo pré-determinado. Alguns trabalhos falam de habilidade digital, outros de “Skill shifts”, seja qual for a definição a alavanca para isso é a capacitação e a participação efetiva das equipes na mudança para o novo mundo digital.
Algumas pesquisas apontam para 12%, dos projetos de mudança, não tem êxito por falta de comunicação e direcionamento do corpo de colaboradores, sendo 80% da falha na tradução da estratégia para o front. Ram Sharam um renomado autor de gestão e estratégia, consultor de empresas como a GM, deixa claro esse risco – na execução.
Amudsen foi o primeiro a chegar no polo sul e voltou. Scott chegou depois e não teve o mesmo fim exitoso. Scott perdeu a equipe e a própria vida por não conseguir traçar uma estratégia adequada e sobretudo executá-la.
O que gera valor
Sem dúvida que os processos são trilhas importantes, e daí sugere-se alguns pontos relevantes, a exemplo de entender o conjunto de processos, nas diversas áreas envolvidas, visando ganhos de eficiência e capacidade. Vamos lembrar que no final é o retorno positivo que deve resultar. E pode ser que exista processos que devam ser remodelados, ajustados e eliminados. A ferramenta Lean é muito utilizada nesta trilha.
Na prática encontramos oportunidades de melhorias em 25% deles, na logística esse número ultrapassa os 40%. Os ajustes estão voltados para o novo conceito de entrega de valor digital, mudando as cadeias, os relacionamentos, as tipologias de entrega e os custos. Dentre os modelos existentes estão os “use cases” que são as ações diretas de transformação com utilização de tecnologias aceleradoras (internet das coisas, inteligência artificial, Bia data…).
Os processos devem estar preparados para dar suporte ao novo modelo de geração de valor digital. O tempo de atravessamento, a entrada de matérias-primas até a saída de produto acabado, vai ser reduzido drasticamente, impulsionando a responsividade e agilidade das empresas. Esse detalhe permitirá a customização em massa.
Catapulta moderna: a interoperabilidade
Podemos dizer que as tecnologias são a munição para esse novo modelo de catapulta. Elas permitem a adaptação das empresas, o oferecimento de novos produtos e serviços e propiciam novo reposicionamento no ecossistema de negócios. O foco será na interoperabilidade empresarial permitindo o elevado grau de interação, integração, compartilhamento e colaboração em diversos níveis. As trocas com o ambiente serão em escala exponencial.
Bandeira preta não é luto
No livro Polo Sul, relata que quando os exploradores Almudsen e Scott decidiriam ir e voltar ao polo sul, ambos tinham praticamente as mesmas ferramentas, o ambiente hostil com quase 30 graus negativos e um caminho de neve desconhecido. Um chegou e voltou, o Almudsen e outro não voltou. A diferença? Na atitude inicial de capacitação, entender o ambiente, buscar alternativas de sobrevivência e por aí vai. Almudsen viveu com esquimós, utilizou tecido preto para as bandeiras de sinalização, adotou cães de apoio, procurou ampliar seu ‘skill shift’, afinal caminhar até o polo sul é um grande desafio.
O nosso polo sul
Neste caminho de mudanças para a transformação digital, o mapeamento. Inicial, o entendimento da situação atual dos times, das tecnologias e os processos propiciam uma caminhada menos hostil para esse novo contexto, e é claro a partir de estratégias bem estabelecidas.
Não podemos levar nessa trilha apenas um termômetro, como fez o Scott.
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