Da Redação
MANAUS – O termo ‘grupo político’ não é um eufemismo em eleição. No Amazonas, deputados e senadores fizeram doações para candidatos do próprio círculo partidário e há casos até de financiamentos para concorrente de outro partido, mas ligado à mesma agremiação. Com o fim das contribuições empresariais, a colaboração financeira se resumiu a duas fontes: o fundo partidário, de onde saiu o maior volume de recursos, e as pessoas físicas. Nesse caso, uma mão lavou a outra.
Entre eleitos e reeleitos, os 24 deputados estaduais e os oito federais do Amazonas somaram gastos de R$ 13 milhões na campanha eleitoral deste ano, conforme valores disponíveis no sistema Divulgacand (Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais). Na ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), 13 deputados foram eleitos e 11 conseguiram a reeleição. Na Câmara Federal, dois veteranos mantiveram o mandato e seis vão exercer a primeira legislatura.
Um dos ‘velhos’ caciques no Congresso é o deputado federal Átila Lins (PP) que declarou receita de R$ 2,029 milhões e despesas de R$ 1,925 milhão. Entre os principais doadores do parlamentar estão a direção nacional do partido (R$ 1,897 milhão), o próprio deputado (R$ 28 mil), seu irmão, o deputado estadual Belarmino Lins (PP), também reeleito e que doou R$ 25 mil; o senador Eduardo Braga, do MDB (R$ 23.660,71), e a deputada estadual Alessandra Campêlo, também do MDB, que deu R$ 10,3 mil para a campanha de Átila.
Gasto maior
Outro veterano da Câmara dos Deputados, Silas Câmara (PRB) foi o único que declarou valor de despesas contratadas acima da receita. Ele recebeu R$ 1.532.199,59 e contratou R$ 1.660.867,05 em gastos. Conforme o Divulgacand, Silas pagou R$ 1.507.927,05. Entre os principais doadores do candidato está a direção estadual do partido (R$ 808.380,00), a direção nacional (R$ 700 mil), e o senador Omar Aziz, do PSD, que doou R$ 23.806,39.
Silas Câmara deu uma força para o deputado federal eleito Capitão Alberto Neto (PSL). Ele doou R$ 29,4 mil.
Alberto Neto também teve ajuda do senador Omar Aziz que doou R$ 18,5 mil. Neto declarou receita de R$ 876.525,39 e despesas de R$ 799.573,30, sendo R$ 700 mil doados pelo partido.
‘Afilhado’ político do deputado federal Alfredo Nascimento (PR), Marcelo Ramos se elegeu para uma vaga no Legislativo Federal e teve ajudinha do ‘padrinho’ na campanha. Nascimento doou R$ 1,2 mil. O maior volume de doações para Ramos foi do fundo partidário que liberou R$ 1,420 milhão. Ramos declarou receita de R$ 1,428 milhão e despesas contratadas de R$ 1,413 milhão. Ele também recebeu R$ 2,7 mil do deputado estadual eleito Saullo Vianna.
Sidney Leite (PSD), deputado estadual eleito para federal, declarou receita de R$ 853,1 mil e despesas de R$ 845,5 mil. Os principais doadores do deputado foram a direção estadual do partido (R$ 840 mil), o senador Omar Aziz (R$ 7,650 mil) e o próprio candidato (R$ 5 mil).
O deputado federal eleito Bosco Saraiva (SD) teve receita de R$ 638,5 mil e despesas contratadas de R$ 584,7 mil. Os principais doadores foram a direção nacional do partido (R$ 280 mil), o delegado-geral da Polícia Civil do Amazonas Mariolino Brito (R$ 280 mil), além do próprio candidato (R$ 39,5 mil).
Já o petista José Ricardo, eleito deputado federal, se virou com a doação do partido e de correligionários. Ele declarou receita de R$ 475.719,07 e despesas de R$ 432.705,53. No ranking de maiores doadores, o petista recebeu R$ 398,5 mil da direção nacional do PT; R$ 10,693 mil da direção estadual e R$ 22 mil tirados do próprio bolso.
Para deputado federal, a campanha mais econômica foi do delegado Pablo (PSL) que declarou receita de R$ 56.965,15 e despesas de R$ 44.656,38.
A força da mulher
Na próxima legislatura, a ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) terá quatro deputadas. E elas foram concorrentes de peso na campanha eleitoral com receitas e despesas significativas. Reeleita, Alessandra Campêlo (MDB) declarou receita de R$ 958,9 mil e despesas de R$ 906,7 mil. A parlamentar recebeu R$ 812,1 do fundo partidário, R$ 100 mil da direção nacional do MDB, R$ 9,936 mil do deputado federal eleito Marcelo Ramos (PP), R$ 5,4 mil de Lidiane Oliveira Mota e R$ 26,5 mil dela mesma.
Em sua primeira legislatura na ALE, Mayara Pinheiro (PP), vice-prefeita de Coari (a 363,6 quilômetros de Manaus), registrou R$ 882,3 mil em despesas e receita de R$ 899,8 mil. Desse valor, R$ 532,6 mil foram da direção nacional do PP, R$ 150 mil do advogado Solon Angelim de Alencar Ferreira, R$ 108 mil do deputado federal Átila Lins e 50 mil de Cláudio Antônio Barrela.
Vereadora eleita deputada estadual, Therezinha Ruiz (PSDB) declarou receita de R$ 553,3 mil e despesas contratadas e pagas de R$ 399,9 mil. Ela recebeu R$ 368,9 do partido, tirou R$ 53,5 mil do próprio bolso, teve mais R$ 34,4 mil da direção estadual do PSDB, e R$ 3,2 mil do colega de plenário e senador eleito Plínio Valério.
A quarta parlamentar, Joana D’Arc (PV), teve gastos modestos na campanha. Mas recebeu doação do deputado federal eleito Marcelo Ramos (R$ 4,2 mil) e do deputado federal Alfredo Nascimento (R$ 996). O maior volume de doação foi do fundo partidário (R$ 360 mil). Do diretório regional, ela recebeu R$ 2,5 mil.
Belarmino Lins (PP) se reelegeu. Ele registrou R$ 734,7 mil de receita e despesas de R$ 537,9 mil. O parlamentar recebeu R$ 481,8 mil do partido e R$ 100 mil do irmão, Átila Lins. Também teve R$ 26,4 mil doados pelo senador reeleito Eduardo Braga (MDB).
Reeleito, o deputado estadual Josué Neto (PSD) teve entre seus doadores o colega de plenário e deputado federal eleito Sidney Leite, que doou R$ 21,8 mil e o senador eleito Plínio Valério, que deu R$ 9,6 mil. Já Cabo Maciel (PR) recebeu ajuda do deputado federal eleito Marcelo Ramos, que doou R$ 55,3 mil. Ramos também doou R$ 20 mil para Dermilson Chagas (PP), reeleito. Já Wilker Barreto (PHS) recebeu R$ 15,1 mil do governador Amazonino Mendes (PDT).