Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – “Separatista”, “preconceito”, “oportunismo” e “desconhecimento da realidade do país” foram termos usados por parlamentares federais do Amazonas para classificar o governador Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. Zema defendeu a formação de um consórcio de estados do Sul e Sudeste do Brasil para se defender no Congresso Nacional de perdas econômicas em resposta aos estados do Norte e Nordeste. A maioria disse que o Brasil precisa de união e igualdade e não de disputa e guerra entre estados brasileiros.
Dos 11 parlamentares federais do estado, cinco opinaram sobre o posicionamento de Zema e a defesa do Cossud (Consórcio Sul-Sudeste), presidido pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Se manifestaram o senador Plínio Valério (PSDB) e os deputados Amom Mandel (Cidadania), Sidnei Leite (PSD) e Fausto Santos Júnior e Saullo Vianna (ambos do União Brasil).
Em entrevista ao programa O A da Questão, na manhã desta segunda-feira (7) pelas redes sociais do ATUAL, Saullo disse que a declaração de Zema foi “oportunista”, de olho nas viúvas do bolsonarismo.
“Eu vejo a fala do governador Romeu Zema muito mais oportunista do que por convicção do que ele estava falando. Por que que eu digo isso? Porque ele se coloca como futuro herdeiro do bolsonarismo, uma vez que o ex-presidente [Jair] Bolsonaro tende a não poder ser candidato em 2026 por conta da inexigibilidade”, afirmou Saullo Vianna.
“E ele [Zema] quer ser o herdeiro desse voto bolsonarista, para poder conquistar o Sul-Sudeste, uma vez que o Norte-Nordeste em todas as eleições se demonstram acompanhando o atual presidente Lula”, completou.
Amom Mandel (Cidadania) disse ser óbvio que “as políticas públicas beneficiam mais as regiões mais pobres”. “O objetivo delas é justamente combater a pobreza e a desigualdade”. E questionou: “Como elegeram um cara desses? Preconceito fantasiado de argumento técnico”.
Adail Filho (União Brasil) disse que o Brasil “não pode embarcar em uma onda separatista” e que “é preocupante o discurso do governador de Minas, Romeu Zema, incitando uma guerra entre regiões a fim de evitar perdas econômicas para o Sul e Sudeste”.
“As regiões Norte e Nordeste são penalizadas há anos por inúmeros projetos nacionais e uma união entre os dois não significa uma guerra entre os demais estados. Não podemos embarcar em uma onda separatista. Devemos buscar contribuir para o desenvolvimento do país como um todo. O Brasil precisa crescer unido”, acrescentou.
Para Sidney Leite, “o governador Zema de Minas Gerais reafirma em sua fala claramente equivocada, que não conhece a realidade do país” e as desigualdades entre as regiões.
“Precisamos lembrar que existem duas desigualdades no Brasil, a social e a regional, sendo que na região Norte, a social é potencializada pela regional”, afirmou Leite. “É preciso entender que precisamos de equilíbrio e que não é colocando regiões em disputa que o problema do país vai se resolver. Precisamos sim de compensação e principalmente de união”.
Plínio Valério afirmou que Zema “fala o que na prática já sentimos. Significa que nós, os outros, precisamos também nos unir”.
Socorro financeiro
Saullo Vianna também lembrou que entre 2017 e 2019, quando Minas Gerais ‘quebrou’, o Amazonas foi um dos estados que socorreu financeiramente os mineiros, através de impostos recolhidos à União (governo federal).
“Na fala dele [Zema] quando ele faz essa colocação que o Norte-Nordeste tem benefícios e os estados do Sul-Sudeste precisam se unir contra isso, ele esquece de fatos muito recentes, como por exemplo quando o estado dele, de Minas Gerais, que, quebrou, lá ainda, no ano de 2017 e de 2018, que não conseguia pagar nem funcionário público, quem pagou essa conta foi a União”, disse Vianna.
Entre os entes federativo que ajudaram Minas Gerais no momento de aguda crise financeira, o Amazonas, com sua participação tributário na receita da União, foi um dos que ajudou o estado hoje governado por Romeu Zema.
“A União, o governo federal, ele junta tributos de todo o país. Ou seja, o estado do Amazonas conseguiu pagar a conta do estado de Minas Gerais, e isso é muito recente, isso foi logo que ele assumiu em 2019. Eu lembro até que ele fez uma declaração em campanha, que ele cumpriu, que não receberia o salário dele até que os funcionários públicos do estado de Minas Gerais recebessem em dia. Esse é um discurso que divide o pais e isso é muito ruim”, disse Vianna.
O federalismo que orienta a organização política do Brasil também foi citado por Amom, ao rebater Zema. “Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Sim, vão. É essa a ideia. A lógica do Estado é a de fazer com que os mais fortes ajudem os mais fracos. É a da sociedade como um todo. Quem tem saúde ajuda quem não tem. Quando você entender que o incômodo deles é porque não querem ver o pacto federativo funcionando para apoiar os estados mais pobres do Brasil com a capacidade dos mais ricos, vai ver o motivo para tanto alvoroço no Norte e Nordeste contra as declarações de Zema”.
Agora tudo que acontece no País é Bolsonarismo, é uma forma de estigmatizar uma pessoa. Outra coisa a fala do Governo está sendo DETURPADA pela mídia; em contra partida levanta a bola do pai dos pobres, é uma lastima.