Da Redação
MANAUS – Policiais civis e militares do Amazonas se ameaçam mutuamente nas redes sociais contra e a favor da manifestação pela democracia, nesta terça-feira, 2, em Manaus. O delegado João Tayah e o capitão da PM Paulo Cheik ameaçaram, no Twitter, usar ‘balas de borracha’ e ‘balas .40’ um contra o outro na manifestação ‘Amazonas Pela Democracia’, marcada para às 17h contra “ataques antidemocráticos que acontecem em todo o mundo”.
Em divulgação do ato, o capitão da PM Paulo Cheik respondeu: “Deixa comigo. Terça-feira eu vou estar no protesto. Já estou separando as balas de borracha”. O delegado da Polícia Civil João Tayah respondeu: “E eu vou estar com as minhas balas .40 mesmo, pronto para me defender de qualquer repressão ilícita a um ato legítimo e pacífico”.
De acordo com Tayah, o protesto “contra os retrocessos sociais impostos pelo governo Bolsonaro e contra o genocídio da população pobre e negra no Brasil” deve ser pacífico. No entanto, quando há “ameaça ilegal”, que visa violar o direito constitucional de livre manifestação do pensamento, os manifestantes têm o direito legítimo de autodefesa.
Integrantes do movimento informaram que irão apresentar denúncia contra Paulo Cheik na Corregedoria-Geral da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública) nesta segunda-feira, 1, pelas ameaças divulgadas no Twitter. “O movimento está providenciando a representação junto à corregedoria por conta dessas ameaças do capitão Paulo Cheik”, disse Denise Coelho.
A ameaça nas redes sociais ocorre contra movimento que protesta contra ataques que “demonstram um forte teor fascista contra jovens negros, indígenas, jornalistas, e até mesmo contra o judiciário do Brasil”. O protesto está marcado para ocorrer a partir de 14h desta terça-feira, 2, no “Posto 700”, localizado na Avenida Djalma Batista.
Os manifestantes citam a morte do adolescente João Pedro, de 14 anos, as alusões aos nazismo e ao fascismo feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, as palavras de ódio contra os povos indígenas e contra a floresta amazônica ditas pelos ministros da Educação, Abraham Weintraub, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A estabilidade da Nação foi discutida em nota divulgada pelo procurador-Geral da República, Augusto Aras, e pelo presidente do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Justiça, Fabiano Dallazen, neste domingo, 31. Aras e Dellazen pediram respeito à Constituição e disseram que rejeitam a intolerância.
“Rejeitamos a intolerância, especialmente as ‘fake news’ que criam estados artificiais de animosidade entre as pessoas, causando comoção social em meio a uma calamidade pública, com riscos de trágicas consequências para a povo. O Ministério Público brasileiro está preocupado com este estado de coisas e cumprirá com os seus deveres constitucionais na salvaguarda da ordem jurídica que sustenta as instituições do País”, diz trecho da nota.
Em nota, a SSP-AM informou que a Corregedoria Geral do Sistema de Segurança, assim como o Comando da Polícia Militar e a Delegacia Geral da Polícia Civil, foram comunicados para a adoção das providências cabíveis.
A reportagem tentou falar com o policial Paulo Cheik, mas não conseguiu contato.
O movimente é legítimo, legal e constitucional. A fala do policial militar é criminosa e antidemocrática, revelando quão lamentável é a visão de alguns policiais sobre a liberdade de manifestação. Os policiais brasileiros estão entre os brasileiros que mais são humilhados e recebem salários aviltantes. Mas, encontram tempo para reprimir aqueles com quem deveriam se aliar. Minha solidariedade ao movimento pela democracia, ao ato que será realizado e meu repúdio veemente à fala do policial militar. Depois ficam reclamando quando são humilhados pela elite a quem servem como cães de guarda, a exemplo do que ocorreu em Alphaville.
tem que reprimir esse pessoal que for nesse protesto idiota mesmo
PM lambe-botas de miliciano, tua hora vai chegar! Bolsonaro vai cair e tu vai lamentar profundamente por não ter ficado do lado certo da luta
Um absurdo que o PM Cheik se manifeste dessa forma muito antes da manifestação ocorrer. Assim como aconteceu neste último domingo em São Paulo e no Rio de Janeiro, parece que boa parte das forças de segurança se manifesta de forma partidária e enviesada em apoio a um presidente violento e miliciano.
Pra ver o nível desses manifestantes… Paulo Cheik está preparando borracha pq como vimos ontem em SP e hoje em Curitiba esse pessoal que vão protestar as 14:00 de segundo… Horário em que trabalhadores estão trabalhando… Aí vem um delegadinho de meia pataca dizer que vai levar .40 pra atirar na PM