MANAUS – Doze policiais militares, sendo um oficial, e mais três pessoas presos na manhã desta sexta-feira, 27, na Operação Alcateia, deflagrada em conjunto com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, Polícia Federal e Ministério Público do Estado do Amazonas, matavam, roubavam drogas em bocas de fumo e vendiam a outros traficantes. De acordo com o corregedor-geral da Secretaria de Segurança, Leandro Almada, o grupo preso nesta manhã matou oito pessoas durante a chacina ocorrida em julho deste ano, quando foram assassinadas 34 pessoas.
A morte do sargento Afonso Camacho Dias, da Polícia Militar, ocorrida no dia 17 de julho e que foi apontada como o estopim da chacina, foi apenas um pretexto para a ação de criminosos que já atuavam em Manaus com ações de extermínio e disputa por pontos de drogas, de acordo com corregedor Lenadro Almada. “Eles usaram a morte do sargento como pretexto para se apoderar de drogas e armas de traficantes. Matavam, subtraíam drogas e armamentos ou mesmo por diversão”, disse Almada.
A chacina não foi uma ação exclusiva dos policiais. De acordo com o superintendente da Polícia Federal, Marcelo Rezende, que deflagrou no último sábado a Operação La Muralha, os traficantes comandados por organizações criminosas que agiam de dentro dos presídios de Manaus também aproveitaram para agir e executaram diversas pessoas, numa disputa de facções por pontos de venda de drogas. “Aproveitaram o início de várias execuções na sexta-feira daquele fatídico fim de semana sangrento, para resolver vários problemas de disputas entre facções e acertos de conta e também para repassar para a polícia essa responsabilidade. Está bem clara na investigação da Polícia Federal”, disse o delegado Marcelo Rezende. “A facção disse: ‘Vamos aproveitar esse momento e vamos matar quem tem que matar”, completou Rezende.
A Força Tarefa investigou 22 crimes praticados pelo grupo preso nesta sexta-feira, sendo 10 homicídios e 12 tentativas de homicídio, no universo de 34 homicídios ocorridos durante a chacina de julho. Os doze presos não formavam um único grupo. Alguns agiam de forma individual ou em grupos menores, mas havia um grupo de sete policiais que agia de forma organizada, segundo o corregedor, que nega a existência de um grupo de extermínio na Polícia Militar. “O que há é um grupo criminoso, organizado que tem reiteradamente se dedicado à prática de extermínio na capital do Amazonas”.
Com os 13 policiais militares e os três civis presos, a Força Tarefa apreendeu seis carros, uma moto, uma seis pistolas .40, cinco revólveres calibre 38, uma escopeta e cerca de um quilo de cocaína que estava na cada de um dos presos.
Os nomes dos presos não foram divulgados. De acordo com o corregedor, a investigação ainda terá continuidade e novas prisões podem ocorrer em breve.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Marcos James Frota, disse que a maioria dos presos tem entre dois e cinco anos na corporação e que dois ou três têm mais de oito anos. É o caso do tenente que foi preso junto com 11 praças. O comandante afirmou que a polícia não vai aceitar esse tipo de conduta. “Não vamos permitir que qualquer comportamento animalesco ocorra no Estado do Amazonas”, disse Frota.
Para o secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes, a atuação de 12 policiais não pode macular a corporação que tem pessoas comprometidas com o combate ao crime. “Tirar os maus policiais da corporação porque cometeram crime, ao contrário de denegrir a imagem da instituição, a fortalece”, disse.
O procurador-geral de Justiça do Amazonas, Carlos Fábio Monteiro, destacou a participação da Polícia Federal nas investigações. “Não se combate o crime isoladamente. O delegado Sérgio Fontes foi muito criticado naquela ocasião (da chacina) e parecia que as instituições não tinham o controle. Claro que têm”, disse o procurador.
O superintendente da Polícia Federal, Marcelo Rezende, disse que diante da repercussão que a chacina ganhou na mídia nacional e internacional, o Delegado Geral da Polícia Militar ligou para ele e pediu que a Superintendência do Amazonas colaborasse com as investigações no Estado. “A Polícia Federal não mediu esforços com uma equipe experiente”, disse o procurador Fábio Monteiro.