Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Policiais que quiserem disputar eleição devem deixar seus cargos permanentemente, defendeu o senador Omar Aziz (PSD) nesta segunda-feira (16), em entrevista à GloboNews. Segundo o parlamentar, essa regra deve ser incluída na reforma política a ser analisada pelo Congresso Nacional. Para ele, é uma forma de “despolitizar” as polícias.
“Eu fui secretário de Segurança Pública. Sei muito bem que quando se perde a hierarquia, a disciplina dentro das Forças Armadas ou dentro das polícias, você não tem mais como trabalhar. Não dá para tenente mandar em coronel. Não existe isso. O cara é candidato, se elege e manda em coronel no estado dele, dá ordem pra ele. Então, quebra essa disciplina. Por isso que eu defendo que é direito de qualquer cidadão ser candidato, mas, se você é policial militar, quer ser candidato, tem que sair da polícia, tem que ter quarentena. Não dá para ser assim”, afirmou Aziz.
A legislação atual permite que policiais se afastem do cargo para exercer mandatos de parlamentares. Para o senador, no entanto, ao entrar na vida política, os agentes retornam aos quarteis “utilizando a tropa ou o cargo de comando para se insurgir contra os poderes”, como ocorreu no dia 8 deste mês, em Brasília. As sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por bolsonaristas terroristas.
“Está na hora de a gente tomar posições. Posições nessa reforma política que o Senado vai ter que analisar aí. Ver a candidatura e a politização dentro das polícias. A polícia anda armada, ela não pode ser politizada. Nós precisamos despolitizar”, disse Aziz.
“Não dá para você ser candidato com uma arma na cintura. Depois, você se politiza dentro do processo político e volta para a tropa politizado, utilizando a tropa ou o cargo de comando para se insurgir contra os poderes como aconteceu no dia 8 em Brasília. Nós vamos ter que fazer muitas mudanças, mudanças para melhor, para garantir a nossa liberdade real de expressão. Não é libertinagem”, completou Aziz.
O parlamentar voltou a responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está em Orlando (EUA) desde dezembro de 2022, pelos atos de vandalismo ocorridos em Brasília. “O grande mentor disso tudo se chama Jair Messias Bolsonaro. Não tem outro”, afirmou Aziz, ao relembrar fatos relacionados ao governo passado.
“Os grupos que foram formados dentro do Palácio do Planalto, ‘gabinete do ódio’ fomentado pelo Bolsonaro, o gabinete paralelo que cuidava da Covid, inclusive, até uma bula tentaram trocar da cloroquina. Só não trocaram porque o Contra-almirante Barra Torres bateu na mesa: ‘Epa, não vou trocar’. Eles queriam dizer que a cloroquina salvava vidas”, disse Aziz.
Para o senador, Bolsonaro está calado porque perdeu o foro privilegiado. “Ele comete crimes ao longo do mandato todo. Só que naquele momento ele tinha foro privilegiado. Tudo foi arquivado ou não se deixou continuar a investigação. Agora, não. O Bolsonaro é o chefe de tudo isso que está acontecendo no Brasil. Não tenha dúvida”, afirmou Aziz.
“Ele só não tem a coragem que ele tinha antes porque agora ele está sem foro privilegiado. Ele não tem um mandato. Ele perdeu a coragem. Você lembra. Toda quinta-feira era agressão contra famílias, contra pessoas, brincava com as pessoas, imitava…”, completou o senador. “Está na hora de a gente tomar posições”
Guarda Nacional
Aziz também defendeu a criação de uma Guarda Nacional para os Três Poderes. “Eu acho que o Executivo, Legislativo e Judiciário tem que ter uma guarda nacional”, disse.
“Como é que você vai confiar em uma polícia politizada? que tirava selfie no dia 8, que permitia as pessoas de entrarem, que colocaram… – as barreiras que tinham ali era para automóveis, não era para conter uma massa que já tinha dizendo há muito tempo que ia fazer”, completou Aziz.
“Está na hora de os Três Poderes discutirem uma guarda nacional para proteger contra esse tipo de armação, e a Polícia Militar e Civil dariam toda a sustentação também”, afirmou Aziz.