Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O advogado José Carlos Cavalcanti, que acompanhou a prisão do empresário Nilton Lins Júnior na quarta fase da Operação Sangria, na última quarta-feira, 2, afirmou que a Polícia Federal promoveu “espetacularização” e apreendeu bens sem autorização judicial.
Na ocasião, os agentes cumpriram cinco mandados de prisão temporária e 19 de busca e apreensão determinadas pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Francisco Falcão.
Entre as irregularidades apontadas por Cavalcanti está a “espetacularização da apreensão dos veículos com a promoção de desfile em via pública”. Os carros – maioria de luxo – foram levados à sede da Superintendência da Polícia Federal escoltados por viaturas.
Cavalcanti também afirmou que houve violação de prerrogativas dos advogados, pois eles só tiveram acesso aos clientes após a chegada do procurador de prerrogativas. Segundo ele, os advogados foram impedidos de acompanhar a diligência de busca e apreensão.
De acordo com o advogado, houve excesso no cumprimento dos mandados de busca e apreensão, pois foram apreendidos bens comprovadamente adquiridos antes de 2020. “Portanto anteriores ao prazo especificado no mandado, ou seja, apreenderam bens fora autorização da justiça”, disse Cavalcanti.
Nesta fase, a Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) apuram suposto envolvimento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), na escolha e contratação, sem observância das normas previstas na Lei de Licitações, da estrutura do Hospital Nilton Lins para o tratamento de pacientes com Covid-19, pelo prazo de três meses, com valor total de R$ 2,6 milhões.
O aprofundamento das investigações também apontou irregularidades em contratos celebrados pelo governo para serviços prestados no hospital, nos anos de 2020 e 2021. A limpeza, por exemplo, que deveria ser feita pela Norte Serviços Médicos, estava sendo cumprida pela Sisam (Sistema de Saúde Integrado da Amazônia), do grupo Nilton Lins.
Na quarta-feira, ao ser abordado, o empresário Nilton Lins Júnior recebeu os policiais federais com dois disparos de arma de fogo. Ele afirmou que pensou que a casa dele estava sendo invadida por assaltantes.