Da Redação
MANAUS – A Polícia Federal fará perícia técnica em dois áudios apresentados pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) para verificar se a voz que consta neles é de Paula Kanzler, ex-secretária de Política Fundiária do ex-governador Amazonino Mendes. Segundo o MPE, os áudios revelam suposta pressão a servidores públicos um dia antes do segundo turno das eleições de 2018. A mídia contendo os dois áudios foi entregue à Polícia Federal na última quinta-feira, 10.
Ao determinar que a PF fizesse perícia técnica na gravação “com a finalidade de se apurar se o discurso foi realmente proferido” pela ex-secretária, o desembargador Aristóteles Thury afirmou que a “reiteração da recusa por parte da Polícia Federal ensejará a aplicação de multa ao responsável, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis”.
O desembargador respondeu ao corregedor regional da PF, delegado Henrique Albergaria Silva, que recusou perícia técnica no áudio afirmando que não poderia atender a demanda do TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas) “devido à intensa demanda de exames periciais requisitados” ao Setor Técnico e Científico da PF.
O corregedor da PF disse que a intensa demanda “tem resultado numa demora de meses na confecção dos laudos”. “O atendimento a demandas externas está restrito a processos criminais que estejam no âmbito de atribuições da Polícia Federal”, diz trecho do ofício da PF.
“Pressão”
De acordo com o MPE, a gravação do áudio ocorreu em uma reunião realizada um dia antes do segundo turno das eleições de 2018 na AADES (Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social), em Manaus.
Ainda de acordo com o MPE, o áudio mostra a ex-secretária Paula Kanzler orientando servidores públicos a fazerem propaganda a favor do ex-governador Amazonino Mendes (PDT), que tentava a reeleição, e do ex-secretário de Segurança Pública Amadeu Soares Júnior (PPS), que disputou cargo de deputado estadual. Amazonino não se reelegeu e Amadeu Soares não foi eleito.
Um trecho do áudio atribuído à Paula Kanzler traz o seguinte teor: “Chega lá e diz: Olha, isso aqui foi uma determinação do governador, que a gente fosse casa a casa, pra poder fazer esse (inaudível)”. Outros trechos e um áudio de 16 minutos foram divulgados pelo ATUAL em janeiro deste ano.
Para o MPE, “fica clara a pressão realizada para que os servidores desenvolvam um trabalho institucional voltado à promoção” dos candidatos com a “promessa de vantagem a possibilidade de efetivação e prolongamento de seus contratos, fato este que caracteriza o uso da máquina pública em favor” deles.