Da Redação
MANAUS – A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (20), uma operação contra garimpo ilegal no sudoeste do Amazonas e cumpriu dez mandados de busca e apreensão e dez medidas cautelares, dentre elas as de afastamento do cargo/funções públicas e acesso à Prefeitura de Jutaí, além da cassação de autorizações de garimpos de minério ilegal.
De acordo com a Polícia Federal, trata-se da terceira fase da Operação Uiara que resultou na destruição de 131 balsas e na prisão de três pessoas envolvidas com garimpo ilegal em Autazes e Nova Olinda do Norte, em novembro de 2021, e na destruição de outras 34 embarcações usadas para a atividade ilegal em Borba, em dezembro passado.
“[A investigação] visa desarticular organização criminosa voltada à prática de garimpo ilegal e demais crimes conexos, como corrupção ativa e passiva, crimes ambientais e possíveis outros ocorrendo em sua maior parte na cidade de Jutaí/AM. As penas, somadas, podem ultrapassar a 20 anos de reclusão”, informou a Polícia Federal.
De acordo com a instituição, atualmente toda a atividade de lavra de minério na região é ilegal e as ações objetivando a “desintrusão” de garimpeiros continuarão a ser realizadas, assim como serão estendidas no decorrer do ano a outras regiões no Amazonas. A ação desta quarta-feira teve participação de policiais do COT (Comando de Operações Táticas).
Em maio deste ano, o ATUAL publicou que onze pessoas foram presas em flagrante pela Polícia Federal pela prática de garimpo ilegal de ouro no Amazonas, entre os dias 15 de março e 8 de abril deste ano, conforme dados da Justiça Federal. As prisões ocorreram em localidades distintas, nos rios Japurá, Amazonas, Mapari, Juami e Madeira.
De acordo com os documentos que a reportagem teve acesso, oito garimpeiros foram soltos após pagamento de fianças, com valores entre R$ 3,6 mil e R$ 20 mil. Outros três foram autorizados a responder ao processo em liberdade, sem pagamento de fiança, considerando que eles tinham endereço fixo e não tinham antecedentes criminais.
Para ONGs que atuam na preservação ambiental na Amazônia, as prisões neste ano expuseram a resistência do garimpo ilegal na região mesmo após a primeira fase da Operação Uiara, da Marinha e do Ibama, que prendeu garimpeiros e destruiu dezenas de balsas no Rio Madeira em 2021.
Danicley de Aguiar, porta-voz do Greenpeace Brasil, afirmou que a recorrência no garimpo ilegal mostra que “na Amazônia, o crime ambiental compensa”. “Essa é a principal explicação para que os barões do garimpo continuem financiando a extração e o comércio de ouro ilegal”, disse Aguiar. !O Estado é incapaz de estruturar políticas de desenvolvimento regional”.
Leia mais: ‘Na Amazônia, o crime ambiental compensa’, diz ONG sobre garimpo
No dia 12 deste mês, o jornal Acrítica publicou que as balsas usadas pelos garimpeiros estavam de volta ao mesmo lugar onde foram interceptadas pela Polícia Federal no ano passado. Segundo a reportagem, os moradores locais disseram que as dragas nunca foram embora, mas se esconderam em outras regiões menos cobiçadas.