Da Redação
MANAUS – A Polícia Federal cumpriu 17 mandados judiciais em Manaus e nos municípios de Cruzeiro do Sul e Rio Branco, no Estado do Acre, na manhã desta quinta-feira, 29, na Operação Dirty Safe, que investiga crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva e ativa na Assembleia Legislativa do estado acriano.
Dois deputados estaduais do Acre e dois empresários irão cumprir medidas cautelares substitutivas à prisão determinadas pelo TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). A Justiça Federal também mandou afastar duas pessoas do cargo público, dentre eles o presidente da Assembleia Legislativa do Acre, o deputado Nicolau Júnior (Progressista).
De acordo com a Polícia Federal, a operação visa coletar novos elementos de provas que possam corroborar, ratificar ou alterar as hipóteses criminais traçadas no decorrer da investigação. Mais de 50 policiais participaram da operação, que também cumpre 13 mandados de busca e apreensão.
‘O cofre’
Relatório da Polícia Federal aponta que através da análise do conteúdo do cofre apreendido na casa de um dos investigados na Operação Acúleo, no último dia 11 de setembro, foi possível identificar a atuação da suposta organização criminosa, com nítida divisão de tarefas entre seus integrantes e modo de agir sistematizado.
De acordo com as investigações, o grupo que se utilizava da máquina pública e a interposição de pessoas para consecução de seus objetivos, incluindo a contratação de funcionários-fantasmas e do desvio de recursos públicos por intermédio de empresas privadas.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, a mesma estrutura também seria empregada na realização de atos de ocultação, dissimulação de movimentação, da origem e destino de valores, sendo chefiada, em tese, pelo atual chefe do Poder Legislativo do Acre.
As investigações indicam que um assessor parlamentar efetuou dezenas de depósitos em espécie na conta de uma das empresas investigadas, em valores que ultrapassaram R$ 10 milhões, a referida pessoa jurídica apresenta entre seus sócios um familiar direto do parlamentar ao qual o servidor é vinculado.
Além disso, um dos sócios de uma outra pessoa jurídica investigada, que possui diversos contratos públicos, realizou mais de 250 depósitos em espécie na conta de sua empresa, grande parte de tais operações apresentam o valor de R$ 99 mil, caracterizando dessa forma, uma clara tentativa de se evitar que as transações fossem comunicadas a Unidade de Inteligência Financeira do Brasil (antigo Coaf).
O total de depósitos em espécie durante o período analisado alcança o expressivo montante de aproximadamente R$ 30 milhões. “A Polícia Federal continuará a investigação e apuração, na tentativa de elucidar a real amplitude da suposta organização criminosa, bem como identificar o grau de participação de cada um dos envolvidos”, informou a PF.