Do ATUAL, com Estadão Conteúdo
MANAUS – A Polícia Federal apreendeu R$ 21.650,00 em espécie neste sábado (26) em uma igreja evangélica na zona norte de Manaus. A apreensão ocorreu após denúncia sobre reunião destinada somente para pastores e obreiros que votam em Manaus, convocada por líderes da igreja, com a justificativa debater melhorias para a comunidade.
Os agentes federais encontraram o dinheiro fracionado em envelopes brancos numerados, lista de presença com 50 assinaturas de eleitores e equipamentos eletrônicos.
Segundo a PF, a entrega dos envelopes seguia um fluxo organizado, com a participação de membros da igreja, e havia forte indício de que se tratava de uma operação estruturada, em que o líder anotava os nomes, outro conferia e entregava o dinheiro.
Duas pessoas foram presas em flagrante e outras três foram levadas à Superintendência Regional da PF para prestar esclarecimentos. Em depoimento à PF, os pastores alegaram que o dinheiro se tratava de oferta recebida na sexta-feira (25), no valor total de R$ 38 mil originário de um homem chamado “Eliezer”, supostamente ligado ao atual prefeito da capital, David Almeida (Avante), candidato à reeleição.
Flaviano Paes Negreiros, um dos detidos, disse aos federais “que o montante seria distribuído entre pastores e obreiros para ajudá-los com despesas relacionadas à convenção da igreja, marcada para a semana seguinte”, conforme trecho do depoimento. Negreiros negou que tenha comprado votos para Almeida.
“Alegou que muitos pastores e obreiros enfrentam dificuldades financeiras e necessitam de apoio para custear transporte e outras necessidades, especialmente em razão da convenção. Flaviano confirmou a autenticidade da mensagem de convocação compartilhada no grupo da igreja, justificando que a expressão ‘votar em Manaus’ foi utilizada para restringir a convocação aos pastores residentes na capital, evitando a participação de líderes do interior, para quem não faria sentido o deslocamento apenas para receber R$ 200?”, diz outro trecho do depoimento.
Negreiros disse ainda que foi um erro realizar a distribuição na véspera do segundo turno. “Alegou que a igreja não tem o hábito de receber ou distribuir dinheiro dessa forma e que, em sua perspectiva, não havia a intenção de pedir votos”, registrou a PF no depoimento. O pastor afirmou que cada membro da igreja é liberado para votar em quem quiser.
Werter Monteiro Oliveira, outro pastor que estaria envolvido no caso, segundo a PF, afirmou que “o dinheiro seria utilizado para custear transporte e alimentação dos participantes, dado que a convenção duraria dois dias, incluindo sábado e domingo. Reconheceu que a distribuição do dinheiro foi organizada de forma rápida e que a decisão de dividir o montante entre os pastores ocorreu após uma discussão interna, na qual optaram por não ficar com o valor apenas para si”.
Celulares dos pastores foram apreendidos para perícia. Os federais tentarão identificar o doador. Os presos poderão responder pelo crime de corrupção eleitoral em liberdade, após pagamento de fiança.