MANAUS – O pesquisador Johnson Pontes de Moura, professor do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Amazonas, vai apresentar no próximo dia 13 de janeiro a prefeitos e engenheiros do Estado o projeto do biodigestor, um equipamento desenvolvido por ele e alunos do curso de engenharia da Ufam que é capaz de produzir gás de cozinha, adubo e comida para peixes. O projeto premiado internacionalmente despertou o interesse da Ciama (Companhia de Desenvolvimento do Estado do Amazonas), que encomendou uma apresentação do projeto, a ser realizada às 15h, na sede da Ciama, na Avenida Tefé, 3.279, no bairro Japiim, zona sul de Manaus.
Desenvolvido há cerca de dois anos, o projeto tem viabilidade técnica, econômica e ambiental, segundo o professor Johnson. Viabilidade técnica, porque com uma quantidade exígua de resíduos é possível produzir uma quantidade de gás para mais de um mês a 20 famílias. “O biodigestor consegue produzir 1 metro cúbico de gás com 13 quilos de resíduos”, disse o autor do projeto. A viabilidade econômica está associada ao preço do equipamento. Um biodigestor, feito artesanalmente pela equipe da Ufam, custa, em média R$ 600,00. E a viabilidade ambiental porque além de produzir um gás a partir de resíduos naturais, o biodigestor ainda produz ração para peixe e adubo que pode servir para produzir novos resíduos para alimentar o equipamento.
Os resíduos utilizados para a produção de gás são restos de frutas e verduras; restos e dejetos de animais, como vísceras de peixe e fezes de galinha e porco; caroços de frutos como açaí e tucumã; e cascas de frutos, como o cupuaçu. O material é colocado em um tanque do biodigestor, isento de oxigênio, e em 30 dias o gás está pronto para ser usado. “Com um metro cúbico de biogás é possível abastecer os fogões de 20 famílias de baixa renda por cerca de um mês e 18 dias”, afirma Johnson Moura.
O equipamento foi testado em comunidades de Novo Airão, mas até hoje não despertou interesse das autoridades. Segundo o professor Johnson, agora, uma empresa de Curitiba e a Prefeitura de Rio Preto da Eva mostrou interesse pelo biodigestor. Outro sinal positivo foi o interesse da Ciama, que aconteceu graças à divulgação do projeto na Feira Internacional da Amazônia, neste ano.
De acordo com o professor Johnson, outra iniciativa para disseminar o biodigestor partiu do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que aprovou um projeto para implantar o equipamento em duas comunidades: uma no município de Maués, e outra em Manaus, no bairro Puraquequara, na zona leste.
Manaus Moderna
A equipe coordenada pelo professor Johnson começou nos últimos meses estudos de viabilidade do aproveitamento do lixo da Feira da Manaus Moderna para a produção de biogás, ração e adubo através do biodigestor. A ideia é aproveitar além do lixo, os resíduos de esgotos. “Nossa meta é construir vários biodigestores para produzir gás a famílias carentes de Manaus, a partir dos restos de alimentos e animais das feitas de Manaus”, disse.