Da Redação
MANAUS – Três tipos diferentes de coronavírus circularam e podem ainda estar circulando no Amazonas, o que justifica o alto índice de infecções no estado, de acordo com uma pesquisa do Instituto Leônidas & Maria Deane Fiocruz Amazônia que investigou amostras em Manaus, Manacapuru, Autazes, Careiro, Manaquiri, Santa Isabel do Rio Negro, Tabatinga, Santo Antônio do Içá, e Manicoré.
Os três tipo encontrados são A2; B1.1; B1. Essas linhagens são frequentemente encontradas em amostras na Austrália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. “Esses vírus podem ter chegado direto de quem veio de fora do país, não necessariamente estrangeiros, mas brasileiros que estavam viajando pra fora e trouxeram o vírus para Manaus. Pode ser que esse vírus chegou em outras regiões do país e depois tenham migrado para o Amazonas”, disse Felipe Naveca, autor da pesquisa e vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia.
Em Manaus foram identificadas as três linhagens. Em Manacapuru, Manaquiri e Manicoré a pesquisa encontrou duas linhagens circulando e nos demais municípios uma linhagem. Isso não significa que exista uma diferença nos sintomas ou mesmo propensão de agravamento do vírus à saúde da pessoa infectada.
“O que se tem de informações mais recentes indicam que existem mutações que fizeram o vírus se espalhar mais rapidamente entre os seres humanos, mas não tem indicação de que uma linhagem tornou o vírus mais perigoso ou fatal”, disse Naveca.
Para o pesquisador, o resultado mostra que o vírus circulou com mais intensidade no estado e que os três tipos diferentes colaboraram para que a contaminação chegasse aos municípios do interior. “Essas informações são importantes pra gente saber que esse vírus conseguiu se espalhar mesmo em municípios mais distantes de Manaus, como santo Antônio do Içá, e chegou em Mancioré e Manaquiri”, disse.
As pesquisas devem buscar por outros tipos de coronavírus no estado e também identificar o percurso do vírus. “Essas linhagens provavelmente ainda estão circulando. Estamos continuando o estudo pra saber se existem outras. Esperamos identificar a origem exata desses vírus”, disse Naveca.
O Amazonas atingiu nessa quarta-feira, 8, a marca de 80.082 mil casos confirmados de infecção pelo coronavírus desde março. O primeiro caso registrado aconteceu em 13 de março. Nesse momento da pandemia, o vírus tem maior incidência nos municípios do interior do estado: são 50.686 casos nos municípios.