Da Redação
MANAUS – Caminhões e ônibus ‘engolidos’ pela lama, sulcos de barro revirados como escavações de mineração, toras de madeira improvisadas como alavancas e motoristas vencidos pelo cansaço. O cenário volta a se repetir no chamado Trecho do Meio da BR-319 (Manaus-Porto Velho/RO), de 400 quilômetros, com o início do período de chuvas na Amazônia gerando o isolamento rodoviário entre o Amazonas e Rondônia.
A cena é comum nesta época do ano e assim como os atoleiros o descaso político com a rodovia também persiste. A situação se arrasta há quase 50 anos e parece sem fim. Uma batalha judicial contrapõe moradores de ambos os estados, políticos e empresários com os ambientalistas e órgãos estatais de controle ambiental. O TCU (Tribunal de Contas da União) investiga gastos de mais de R$ 100 milhões apenas com projetos de impacto ambiental.
Para caminhoneiros e motoristas de ônibus, a estrada expõe um Brasil de passado distante sem computadores portáteis, telefonia móvel, carros elétricos e drones. “Vergonha nacional”, diz a Associação dos Amigos e Defensores da BR-319, no Facebook. “O isolamento é total e o sofrimento é grande”, afirmam os caminhoneiros na comunidade da rede social.
A estrada tem extensão de 885 quilômetros. No trecho dos Catarinos, a situação é crítica. Nada como rodas passa pelo local. Alguns viajantes relatam que ficam mais de 32 horas sem nenhuma comunicação com a família. Outros alegam que chegam a ficar até três dias parados. No trecho entre Manaus e Lábrea, em território amazonense, motoristas e veículos ficam retidos no Igapó Açú impossibilitados de seguir viagem. Alguns se arriscam em passar puxados por trator ou veículos com tração nas quatro rodas.
Quem sai de Manaus consegue chegar no máximo até Humaitá, trecho em que o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) mantém trabalhos de conservação com operação tapa-buracos. Daí para frente é só aventura, arriscada. “O perigo é grande. Há caminhões e ônibus que tombam devido à total falta de aderência dos veículos nos trechos de atoleiros”, informa a Associação dos Amigos e Defensores da BR-319.
Inaugurada na década de 70, a estrada foi considerada um sonho de integração entre o Amazonas e o Centro-Oeste e Sul do país. Com o abandono da manutenção e o impasse gerado pelo imbróglio ambiental, a rodovia se transformou em peça de campanha eleitoral e trilha de aventura para caminhoneiros e motoristas ousados.
O sentimento entre os que se arriscam na estrada é de que enquanto buscam romper o isolamento geográfico, as autoridades políticas viram as costas para o desenvolvimento da região.
Na quinta-feira, 13, o Forum Permanente da BR-319, criado pela Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), se reunirá em Manaus para analisar relatório sobre a situação da rodovia. Os empresários também pressionam os governos para tirar a BR-319 do lamaçal e pretendem apresentar propostas para viabilizar a estrada. Até lá, as chuvas tendem a piorar o solo e os aventureiros a serem encolhidos pela lama, pela floresta e pelo descaso público.
(Colaborou Patrick Motta)
Não entendo o porque os Ambientalistas são contra a pavimentação da BR319 uma vez que no passado esta rodovia ja foi pavimentada.
Aqui no estado de São Paulo os usineiros destrói tudo para plantar cana de açúcar e não vejo nenhuma interferência dos ambientalistas.
Mas como o mundo está de olho na Amazônia estes ambientalistas querem pegar carona.
O movimento MBL está de parabéns pela
iniciativa de fazer um abaixo assinado.