Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Perícia do Instituto de Criminalística concluiu que o tenente do Exército Yan Danrlei Ferreira Rozendo causou o acidente que resultou na morte de Fernanda Rodrigues Pinheiro, que tinha 18 anos, em abril de 2023. Segundo o perito Wellington Souza Júnior, que assina o laudo, o carro de Yan, de marca BMW, trafegava em velocidade acima do permitido e ultrapassou o sinal vermelho.
“Com base nos elementos materiais e subjetivos fornecidos ao perito para a análise ora registrada no presente laudo, o perito subscritor foi levado a concluir ter dado causa ao acidente em tela o procedimento irregular do condutor de V2 (BMW), por ter efetuado transposição de cruzamento em condição de semáforo fechado para seu veículo”, diz o laudo.
O acidente ocorreu no cruzamento das Avenidas Getúlio Vargas e Ramos Ferreira, no Centro Histórico de Manaus, por volta de 21h30.
Yan dirigia uma BMW na Avenida Getúlio Vargas, no sentido bairro/centro. Fernanda, que tinha acabado de chegar em Manaus, ia para a casa de uma prima no bairro Aparecida, zona sul de Manaus, em um veículo Ford Ka solicitado via aplicativo. O carro era conduzido por Edney Franklin Silva do Amaral, de 33 anos.
Conforme as investigações, o tenente avançou o sinal vermelho no cruzamento das avenidas e atingiu a lateral traseira direita do carro Ford Ka. Fernanda e Edney foram arremessados para fora do veículo.
Fernanda morreu na hora. Edney foi levado para o Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, na zona leste de Manaus. Ele chegou com um quadro grave de saúde e foi intubado. O motorista ficou em coma por seis dias.
De acordo com o perito, o dono da BMW trafegava acima de 68 quilômetros por hora – o limite é 40 km/h – e isso “agravou as consequências do acidente”. Para Wellington Souza Júnior, o acidente poderia sr evitado se não houvesse o “procedimento irregular” do tenente.
No dia do acidente, policiais militares conduziram Yan à sede do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para fazer teste de bafômetro. O exame deu negativo.
Os investigadores tentaram, mas não conseguiram imagens do local do acidente. O Centro Integrado de Analise de Imagens de Segurança Pública informou que não tem câmeras no local. A direção de uma academia localizada no canto entre as duas avenidas comunicou que não tem câmeras externas.
A polícia também enfrentou dificuldades para identificar testemunhas. Pessoas que trabalham nas proximidades do local do acidente disseram não ter visto quem ultrapassou o sinal.
Apenas uma mulher que conduzia um veículo na Avenida Getúlio Vargas, no mesmo sentido que a BMW, relatou que Yan avançou o sinal vermelho. Ela disse que viu a sinalização vermelha e reduziu a velocidade para parar mais adiante. Depois, o sinal abriu para quem estava na Avenida Ramos Ferreira e os carros que estavam naquela avenida começaram a se deslocar.
A mulher relatou que quando estava parando o veículo próximo à faixa de pedestre foi ultrapassada pela BMW, “em alta velocidade”. Em seguida, “o condutor do BMW ultrapassou o semáforo vermelho, em ato contínuo colidiu na lateral traseira do lado direito do veículo Ford/Ka de cor preta, que trafegava pela Av. Ramos Ferreira”.
A testemunha disse que “com a colisão os dois veículos giraram, o veículo Ford/Ka caiu em cima dos dentes de dragões encostado em um poste e duas pessoas foram sacadas para fora do veículo”.
No relatório da Polícia Civil enviado à Justiça em maio de 2023, o delegado Temístocles Alencar, da Delegacia de Acidentes de Trânsito, indiciou o tenente por homicídio e lesão corporal culposos (quando não há intenção).
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