Por Karina Palmeira, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – A reportagem do AMAZONAS ATUAL recebeu, nesta quinta-feira, 20, mais duas denúncias de negligência em hospitais de Manaus. O primeiro caso é do vigilante Salim Rabelo, 27, que ingressou no Hospital 28 de Agosto, zona centro-sul, no mês de julho, com fortes dores e febre. No local descobriu que precisa fazer cirurgia para tirar pedras do rim, mas o hospital se negou e a família não consegue marcar a cirurgia em outro hospital.
Desesperada, a irmão do vigilante, Joindre Rabelo relatou a situação de Salim. “Meu irmão piora todos os dias. Já fui em outros hospitais com ele e não encontramos vagas. Ele deixou de comer e tomar os remédios porque vomita tudo. Ele deixou de andar também, teve que sair do trabalho porque as dores são insuportáveis e a febre é sempre alta”, disse.
Outra denúncia foi o caso da dona de casa Maria Giudete Paes, 46. De acordo com o relato da filha da paciente, que pediu para não ser identificada, ela estava grávida de 12 semanas e ao perceber um sangramento na manhã de quarta-feira, 19, foi para a Maternidade Nazira Daou, na zona norte de Manaus. No local, a família explicou que nenhum médico ou enfermeiro atendeu a dona de casa, e devido a falta de cuidados, Giudete perdeu o bebê.
“Minha mãe ficou jogada no corredor, chorando com dor e o sangue escorrendo, ninguém fez nada. Depois de horas no hospital, vi um poço de sangue no chão, me desesperei e fiz escândalo, então foi nesse momento que levaram minha mãe para atendimento e infelizmente foi tarde demais, porque a criança não sobreviveu”, disse emocionada a filha de Giudete.
Sobre o caso do vigilante Salim Rabelo, a assessoria de comunicação informou que o Hospital 28 de Agosto só realiza cirurgia em caso de emergência. “Tratamos a crise e encaminhamos para tratamento e cirurgia nos Hospitais Adriano Jorge ou Getúlio Vargas”, disse a assessoria.
Em nota, a assessoria da Susam informa que a paciente Maria Giudete Paes já chegou na maternidade com “aborto retido”, fato constatado depois de realizado exame de ultrassonografia. A secretaria informa que ela foi internada para fazer a curetagem “conforme programação de atendimento no Centro Cirúrgico” da Maternidade Nazira Daou. (Leia a nota na íntegra abaixo)
Mais um caso
Na quarta-feira, 19, o AMAZONAS ATUAL relatou a falta leito no Instituto da Mulher Dona Lindu, localizado na zona centro-sul de Manaus. A situação revoltou pacientes que deram entrada no local para fazer curetagem – procedimento realizado para limpar o útero após aborto. Segundo relatos, há mulheres internadas desde a semana passada.
Na ocasião, a Susam informou que a unidade está funcionando normalmente e que no início da semana foram realizadas 11 curetagens.
Ainda segundo a nota da Susam, a Direção do Instituto da Mulher explicou que o tempo de espera, nesses casos, está associado ao processo prévio de dilatação do colo uterino, pelo qual as pacientes precisam passar para realizar o procedimento.
NOTA/DIREÇÃO DA MATERNIDADE NAZIRA DAOU
A direção da Maternidade Nazira Daou informa que a paciente Maria Giudete Marque Paes, 46 anos, foi internada no 19/08/2015, às 8h42, com diagnóstico de mais ou menos 7 semanas de gravidez, conforme ultrassonografia realizada no momento de sua admissão na maternidade. O referido exame também constatou que não havia mais vida intrauterina, portanto, tratava-se de ovo anembrionário (aborto retido). A paciente foi orientada que seria feita sua internação, para realização da medicação (Misoprostol) destinada a promover a dilatação do colo uterino, para posterior curetagem. Foi informada que referido processo (de dilatação do colo) poderia demorar de 12 até 48 horas, conforme a ação do medicamento. O procedimento de curetagem foi realizado às 9h45 desta quinta-feira (20), conforme programação de atendimento no Centro Cirúrgico da unidade. A paciente encontra-se em recuperação, sem intercorrências. Não há registro, nos livros de atendimento ou na Ouvidoria da Unidade, de qualquer queixa da usuária ou de seu acompanhante em relação ao atendimento.