MANAUS – Familiares de pacientes que estão internados no Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto informaram ao AMAZONAS ATUAL que no local está faltando material básico para o atendimento de pessoas feridas, como fio cirúrgico usado em suturas. A superlotação também foi relatada pelos parentes dos usuários do serviço que temem a contaminação deles com outras doenças. Eles disseram que os pacientes internados estão todos aglomerados em uma sala, chamada de CCO (Clinica Cirúrgica de Observação).
A dona de casa Maria Ineida Souza, 45, informou que o sobrinho está há mais de seis horas no local aguardando um procedimento cirúrgico em uma das pernas que está ferida em decorrência de uma acidente de trânsito. “Nos falaram que está faltando material para costurar a perna dele e acho que vamos para outro hospital. Acho um absurdo que nesse hospital ocorra esse tipo de problema”, comentou.
Outro parente de paciente do 28 de Agosto, o professor Raimundo Oliveira, 35, demonstrou indignação com a falta de acomodação para os pacientes. Segundo ele, o paciente que passa pelos procedimentos e precisa ficar internado por um determinado período no hospital, fica alojado em um espaço conhecido como Clínica Cirúrgica de Observação, que tem menos de 30 metros quadrados e, atualmente, abriga mais de 30 pacientes.
“Isso é um desrespeito com as pessoas que pagam seus impostos e precisam uma vez na vida de atendimento. Esse hospital (28 de Agosto) um dia já foi referência no Estado e, agora, trata todo mundo que chega como animal, jogando todos em uma sala amontados”, lamentou o professor.
Ele disse que ouviu casos de pacientes que chegaram ao hospital com um ferimento e, dentro da instituição, adquiriu uma pneumonia em decorrência da infecção hospitalar. “Os profissionais de saúde estão se esforçando para evitar o aumento da contaminação hospitalar, mas sabemos que não depende deles”, disse.
Hospital ‘novo’
O Hospital 28 de Agosto foi reformado e entregue à população em 2010. Na época, a assessoria do Governo informou que o local contava com uma capacidade para 378 leitos distribuídos em sete pavimentos, totalizando 10 mil metros de área construída.
Na ocasião da inauguração da entidade, também foi informado que o hospital seria uma referência na Amazônia Ocidental, principalmente no tratamento de pacientes vítimas de queimaduras e de outros ferimentos, com centro cirúrgico específico.
Boicote ao serviço
Esta semana, o governador José Melo (Pros) foi à imprensa para negar problemas no atendimento dos hospitais e falta de material cirúrgico. O governador disse suspeitar de uma tentativa de “boicote” dos profissionais de saúde e afirmou que ia pedir uma investigação à Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai) para apurar as suspeitas.
“Os equipamentos que temos hoje são os melhores que tem no mercado. Uma senhora apareceu dizendo que estava doente e não foi atendida, mas na verdade ela nunca foi em nenhum dos nossos hospitais e a Seai já a identificou. Então, vamos aprender a separar o joio do trigo”, afirmou Melo.
Ele negou o caos na saúde do Amazonas e disse que o Estado possui o “melhor sistema de saúde pública do Brasil”.
Informação negada
A assessoria de comunicação do Hospital 28 de Agosto negou problemas no atendimento da instituição e falta de material para sutura. Segundo a assessoria, o hospital atende uma média de 800 pessoas por dia e que em função de questões climáticas, houve um aumento no atendimento de doenças respiratórias e outras viroses, provocando assim um crescimento na demanda desse fim de semana.
Ainda segundo a direção, apesar da demanda extra, o atendimento não foi comprometido. “E a enfermaria citada na matéria é de observação cirúrgica, nada tem a ver com os pacientes clínicos que estão em uma enfermaria específica a esse atendimento da unidade de saúde”. E os pacientes com patologias infectocontagiosas estão internadas nos leitos de isolamento do hospital.
A direção do hospital informa ainda que o HPS 28 de Agosto não está sem fio cirúrgico ou qualquer outro material que inviabilize os procedimentos cirúrgicos, que estão acontecendo normalmente.