Na semana passada falamos dos motoristas de Manaus que “alugam” a faixa da esquerda, de ultrapassagem, e obrigam quem quer ultrapassar a fazê-lo pela direita, infringindo o Código de Trânsito Brasileiro. Neste artigo, vamos falar sobre o risco da faixa de pedestre, os fura-filas e os motoristas que não aprenderam a acelerar o carro.
A faixa de pedestre em Manaus é um perigo tanto para o pedestre quanto para o motorista que para quando uma pessoa precisa atravessar uma via. O pedestre não tem total confiança e sempre que consegue “parar” os carros, atravessa com medo, porque alguns motoristas não se dão conta de que o veículo da faixa ao lado parou para dar passagem a quem está com o braço estendido. E, diga-se, muitas vezes o pedestre cansa de manter o braço estendido e ninguém para na faixa.
É uma mistura de desatenção com falta de respeito. É tanta barbeiragem que se tonou comum em Manaus os acidentes (batidas traseiras) nas faixas de pedestre. E para tentar evitar esse tipo de acidente, os motoristas na capital amazonense passaram a usar pisca-alerta nas paradas na faixa. O Código de Trânsito Brasileiro não prevê esse tipo de sinalização de pisca-alerta.
Os fura-filas
A ultrapassagem pela direita (tema da semana passada) é proibida em qualquer lugar do mundo, exceto quando a faixa da esquerda é usada para conversão à esquerda. Em Manaus há alguns cruzamentos em que o motorista pode converter à esquerda, e por isso se forma uma fila nessa faixa. Neste caso, os condutores podem ultrapassar pela faixa do meio ou da direita em vias com duas faixas.
Mas os maus motoristas de Manaus nunca obedecem a essa fila que se forma à esquerda. Bem conhecida dos motoristas é a passagem de nível da avenida Darcy Vargas sob as avenidas Djalma Batista e Constantino Nery. Os espertalhões preferem furar a fila.
Quem obedece às leis no Brasil acaba sendo visto como um idiota. E no trânsito não é diferente. O motorista espertalhão acha que quem se submete a uma fila não merece respeito. Por isso, se acha no direito de furar a fila, atrasando ainda mais a vida de quem resolve fazer a coisa certa.
E se quem está na fila não dá passagem aos fura-filas, corre o risco de ter o carro batido ou de sofrer outro tipo de violência verbal ou física.
As autoridades de trânsito bem que poderiam “educar” esses condutores, primeiro com advertência, depois com multa.
Melhor não pisar?
Por fim, o terceiro problema que se percebe no trânsito de Manaus é um dos fatores que contribuem para a lentidão nas vias: a aceleração incorreta.
Os motoristas formados nas autoescolas da capital não aprendem a acelerar o carro. Os instrutores ensinam que se deve segurar a embreagem e o freio, soltar a embreagem devagar até sentir o deslocamento do carro para só então soltar o pedal de freio e pisar no acelerador.
Essa aula resulta nos casos de estancamento do carro. O ato de estancar o carro na maioria dos casos está associado à falta de habilidade do motorista. Os novos motoristas saem das autoescolas com esse “defeito de fábrica” e só apreendem a sair com o carro sem estancar com a prática nas ruas.
O problema é que a falta de habilidade em acelerar o carro se mantém pelo resto da vida do motorista se ele não tiver alguém que o alerte.
É comum ver o motorista parado a um semáforo sair na primeira marcha e emendar uma segunda antes que o carro desenvolva e peça a mudança de marcha. E emendam uma terceira, uma quarta e uma quinta em segundos. O carro não desenvolve, o trânsito fica lento e a gasolina do carro vai pelo ralo.
Está provado que a aceleração incorreta resulta em maior consumo de combustível. Mas os maus motoristas de Manaus imaginam ser o contrário: que economizam combustível se acelerarem o mínimo possível. O consumo de combustível correto ocorre com a aceleração correta, com a mudança de marchas no tempo certo.
Como não aprendem o tempo de aceleração e mudança de marchas, os motoristas de Manaus, com algumas exceções, se tornam os maiores responsáveis pela lentidão no trânsito.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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