Por Mônica Bergamo, da Folhapress
SÃO PAULO – A Conectas Direitos Humanos pede ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta terça-feira, 10, em Genebra, que acompanhe de perto a situação da liberdade de imprensa no Brasil e condene publicamente ataques feitos contra jornalistas.
“O presidente [Jair] Bolsonaro trata a imprensa e os jornalistas como seus inimigos”, afirma texto apoiado pelas organizações Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Artigo 19 Brasil, Instituto Vladimir Herzog e Intervozes.
“Os ataques não são feitos apenas por meio de declarações, mas também por medidas concretas. Jornais foram proibidos de cobrir viagens presidenciais”, segue o documento.
O discurso, que será apresentado por Gustavo Huppes, representante da Conectas, dá especial destaque às mulheres. “Ataques sexistas e misóginos, com a clara intenção de prejudicar a credibilidade e intimidar as mulheres jornalistas, estão se tornando comuns e são apoiados por autoridades do governo, incluindo o próprio presidente”, diz.
No dia 18 de fevereiro, Bolsonaro insultou, com insinuação sexual, a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha. O ponto de partida da ofensiva contra a repórter foram as declarações feitas por Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa, à CPMI das Fake News, no Congresso.
“Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]”, disse o presidente, em entrevista diante de um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada. Após uma pausa durante os risos, Bolsonaro concluiu: “a qualquer preço contra mim”.
Na semana passada, o governo brasileiro excluiu a Folha de S.Paulo da cobertura do jantar entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump na Flórida.
“A Folha acabou não entrando e, na na minha opinião, a Folha de S.Paulo não foi prejudicada. Quando me ouvem, distorcem, quando não me ouvem, inventam”, afirmou o presidente nesta segunda, 9.