Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – A Operação Integrada Tamoiotatá, de prevenção e controle do desmatamento e queimadas no Sul do Amazonas, começa nessa quinta-feira, 1º de abril, e custará R$ 9,5 milhões com recursos do estado e de repatriamento da Lava Jato destinados pelo Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
A ação foi anunciada pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, na manhã desta segunda-feira, 29.
O cronograma apresentado prevê que a operação encerre em 12 de novembro deste ano. As ações incluem formação de barreiras policiais terrestres em municípios impactados pelos problemas, combate a incêndios florestais, fiscalização ambiental em áreas consideradas críticas, mandados de prisão, busca e apreensão, ações de inteligência, defesa civil, entre outras.
O custo operacional está dividido entre transporte e logística, diárias – civil e militar –, execução do projeto e serviços de tecnologia da informação.
A operação busca ampliar a presença do Estado no sul do Amazonas, com aumento de bases operacionais, como foco em Apuí e Humaitá (a quilômetros do Amazonas), municípios focos de queimada.
Entre os objetivos também estão reduzir as ocorrências de desmatamento com a formação de 100 brigadistas, prevista para maio; promover a regularização ambiental, auxiliando nos processos de cadastro (CAR) e implementação PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas); e criação de campanha de conscientização da população.
De acordo com Taveira, a ação visa combater ilícitos sem prejudicar agricultores familiares.
“O que a gente quer é conciliar o desenvolvimento econômico com o combate à ilegalidade. Inclusive para favorecer e ajudar pequenos e médios produtores contra a pressão de uma série de criminalidades que envolvem grilagem de terras, quadrilhas organizadas em extração ilegal de madeira”, diz.
A operação conta com a participação de órgãos de segurança e meio ambiente das esferas federal, estadual e municipal.
Números do desmatamento
Dados apresentados pelo secretário mostram que o Amazonas é o terceiro estado no ranking de alertas de desmatamento por quilômetro quadrado, somando 2.955 km² atingidos entre 2019 e 2020.
“Nós vínhamos numa posição de quarto lugar e agora nos consolidamos como terceiro lugar com o aumento do desmatamento que tivemos, em especial no ano passado”, diz Taveira.
Os crimes ambientais estão concentrados no sul do estado, sendo que 72% do desmatamento ocorrido em 2020 foi registrado no “Arco do Desmatamento”.
O secretário afirma que análises de dados mostram que 95% da floresta está conservada. Mas que o sul concentra a maior parte das ocorrências.
“Nós temos um problema ainda complexo numa área que concentra parte da população, é um eixo que vemos no sul do estado, um cinturão que pega as fronteiras do Pará, Mato Grosso e Rondônia, que tem uma pressão maior pela atividade econômica”, diz.
De 1º de janeiro deste ano até o último dia 12 de março, Apuí, Novo Aripuanã e Manicoré foram os três municípios com maior número de alertas de desmatamento por quilômetro quadrado.
Imagens de satélite
Juliano Valente, diretor-presidente do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), afirma que este ano o estado contará com imagens de satélite da Planet, para ajudar na identificação de focos de calor.
“Essas imagens são de alta definição e praticamente em tempo real”, diz. “O campo de definição é tão preciso que conseguimos enxergar a sombra de pessoas que estão em determinadas áreas”, explica.
Valente afirma que o fornecimento dos registros provém de parceria com o governo federal
“Hoje o Amazonas, a partir desse acordo de cooperação técnica com o Ministério da Justiça possui dentro da sua base de fiscalização as imagens de alta definição”, diz.