Por Gustavo Uribe, da Folhapress
BRASÍLIA-DF – Há três meses sem conseguir formar uma base aliada, o presidente Jair Bolsonaro decidiu se envolver pessoalmente na articulação política para compor uma coalizão partidária que permita a aprovação da reforma previdenciária.
Criticado por uma articulação política frágil com o Poder Legislativo, ele abrirá o gabinete presidencial para audiências com 11 partidos. Segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, agora é o momento de ‘abrir a porta’. “Para que tenhamos uma base constituída, precisamos dialogar, convidar e abrir a porta. É o que estamos fazendo”, disse.
Bolsonaro dedicará esta quinta-feira, 4, após retorno de viagem oficial a Israel, para encontros separados com os presidentes do PSDB, MDB, DEM, PP, PSD e PRB. A ideia é que a série de reuniões tenha continuidade na terça-feira, 9, e na quarta-feira, 10, quando receberá os dirigentes do PSL, PR, PROS, Podemos e Solidariedade.
Até a semana passada, o presidente vinha resistindo a participar da articulação política, em nome da chamada ‘nova política’. Porém, após protagonizar desentendimento com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi cobrado pelo núcleo militar e pelo setor empresarial a ter uma presença mais ativa nas negociações. “A disputa política ficou para trás. Agora, precisamos fazer a boa política, que é muito diálogo, compressão de parte a parte e unir todos os brasileiros”, disse Onyx.
As audiências de Bolsonaro com dirigentes de siglas marcam uma mudança no discurso do presidente, que inicialmente havia determinado que o Palácio do Planalto só negociaria com frentes parlamentares, não com bancadas partidárias. A falta de uma coalizão parlamentar levou o governo a sofrer derrotas legislativas.
Com o fracasso da estratégia, a Casa Civil iniciou uma aproximação com bancadas partidárias, o que inclui indicações para cargos de segundo e terceiro escalões e liberação de emendas parlamentares.