O Brasil segue em crise. Desemprego em 12,4% (no Amazonas 13,9%); inflação com ligeira subida em 3,89%; salário em crescimento, com incremento de 2,01% de outubro para cá; déficit público em crescimento. A prescrição da literatura, proposta por Roberto Rigobon e outros é: reduzir taxa de juros, reduzir impostos, soltar dinheiro no mercado e quando o salário crescer, subindo a inflação, facilitar novos trabalhadores. A receita está posta, mas por qual razão ela não é adotada?
As oportunidades de crescimento no país são expressivas, se houver concentração na geração de riqueza e facilitação dos métodos de produção. Entretanto, segue-se o raciocínio de maior regulagem e conjunto de barreiras. Passar na frente de shopping centers hoje em dia, impressiona pela quantidade de pessoas com os celulares nas mãos esperando um carro de aplicativo (Uber, 99 etc.). O que se verifica é que inovações atraem mais oportunidades. Entretanto, ao aparecer a inovação, surge logo um olhar sobre como regular.
Como sairemos desta armadilha de ineficiência? Quais os convites para fazer que existem hoje? Quais as áreas prioritárias para o desenvolvimento? Seguimos sem clareza. Muito é dito sobre estímulo, mas o que realmente está sendo feito para estimular a economia? Larry Summers (Universidade de Harvard) publicou em 2016 um artigo sobre a Era da Estagnação Secular, concluindo que mitigar a estagnação econômica é algo de profunda importância em meio a achados econômicos. Em outro texto seu, publicado com J. Bradford Delong (Universidade de Berkeley) sobre Políticas Fiscais em uma Economia Deprimida, há a indicação que as taxas de juros ficam próximas de zero, para fazer estímulos, o que tem sido a prática nos países desenvolvidos. Entretanto, não podemos adotar esta política porque deve haver um “prêmio” pelo maior risco associado ao país.
Por aqui, André Lara Rezende escreveu recentemente o texto Consenso e Contrassenso: déficit, dívida e previdência. Dentre outras afirmações, ele conclui que “quando o banco central fixa a taxa básica de juros acima da taxa de crescimento, além de comprometer a sustentabilidade da dívida pública, provoca a redução do investimento e uma queda de bem-estar”. As formulações macroeconômicas propostas por ele são polêmicas, mas há temas menos polêmicos que podem e precisam ser enfrentados, pelos entes federativos. Sigo perplexo pela adoção de pautas únicas para problemas sistêmicos. Quais são as medidas que estão sendo adotadas por Manaus, pelo Amazonas, pelo Brasil para estimular a produção e a economia? Nada.
Há discussão única sobre a previdência que é um tema federal. Quais as medidas presentes em nossa cidade e Estado para transformar esta realidade? O Polo Industrial de Manaus encolheu e o que está sendo feito? Não vejo respostas para esta questão e enquanto ações não forem tomadas, seguiremos a esperar por um milagre vindo de fora.
Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.
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