Da Redação
MANAUS – Em entrevista coletiva no início da noite desta sexta-feira, 5, na sede do partido, em Manaus, o senador Omar Aziz (PSD-AM) interpretou três papéis: o de ressentido com o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), de analista sobre política no Amazonas e de protagonista da candidatura do ex-deputado estadual Marcelo Ramos (PR) à Prefeitura de Manaus.
Na primeira atuação, Omar exibiu um vídeo sobre entrevista de Arthur no qual o prefeito ataca o senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Arthur diz que Braga agia junto a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) para atrasar repasse de recursos federais à Prefeitura de Manaus. Foi a forma que o senador encontrou para rebater as declarações de que apoiava outras três candidaturas, além da reeleição de Arthur, feitas pelo próprio prefeito. Arthur rompeu com o senador e se aliou ao PMDB. A aliança foi negociada em Brasília com o presidente interino Michel Temer (PMDB-SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) sem a presença de Braga.
Omar disse que foi pego de surpresa, na madrugada, com o rompimento. Descartou ‘brigar’ com o prefeito, mas contra-atacou: “Eu também não vou brigar com o Arthur, assim como ele diz que não vai brigar comigo, porque não é no tatame, não é com soberba que se ganha eleição; é trabalhando que se ganha eleição”, disse, ao classificar a coligação PSDB-PMDB como “um negócio”. “Não foi um acordo político, foi um negócio. Para se fazer uma aliança tem que ter um mínimo de coerência”.
Acusado por Arthur de traição, Aziz rebateu: “Não te traí Arthur, eu ajudei a cidade de Manaus e ajudei você a sair da UTI, na qual estava a prefeitura, sem pagar fornecedores, conseguir colocar uma gota de asfalto em lugar nenhum”, disse, se referindo a um empréstimo de R$ 500 milhões de bancos internacionais que ele intermediou no Governo Federal e no Senado para a Prefeitura de Manaus.
O termo ‘traição’ serviu para uma breve análise da prática política no Estado. “Político trair um político é uma coisa, político se aliar com alguém que prejudicou a cidade de Manaus não é política, não é acordo político, é negócio”, reiterou, deixando dúvida quanto ao sentido da frase inicial e considerando normal sua aliança com o PR, do deputado federal Alfredo Nascimento, e do candidato Marcelo Ramos, dois dias depois de ser descartado por Arthur. “O meu grupo político, que posso chamar de amigos, estarão ao lado de Marcelo Ramos. O Marcelo tem propostas inovadoras para Manaus”, declarou.
Vice do PSD
À frente do novo ‘grupo de amigos’, Omar anunciou Josué Neto, presidente da ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), como o novo vice na chapa de Ramos. Marcelo já havia anunciado o apresentador de TV Wilson Lima, que perdeu o posto diante do novo ‘amigo’ mais poderoso. Durante o evento, Wilson Lima disse que abriu mão da candidatura para dar lugar na chapa a um membro do grupo de Omar Aziz, mas prometeu que vai trabalhar na campanha com a mesma disposição que tinha antes da aliança com o PSD, partido ao qual Josué Neto é filiado.
“O Josué já era um nome cogitado, seria um candidato a vice do Arthur. A iniciativa partiu do próprio Marcelo e do Wilson (Lima)”, disse Omar, ao explicar que não houve qualquer cobrança da parte dele para indicar o vice de Ramos.
Para o senador, a aliança fechada em tempo recorde é natural. “Nós estamos fazendo uma aliança política e é normal que os partidos se coliquem. Não houve nenhuma imposição”, afirmou sobre o vice.
Marcelo paz e amor
O candidato Marcelo Ramos fez um discurso sereno e evitou atacar o prefeito Arthur Virgílio. Disse que o novo grupo dele não é movido por derrotar ninguém e disse que quer derrotar os problemas de Manaus. “Eu ouvi o discurso do prefeito candidato à reeleição e várias vezes eu ouvi ele falar de derrota, de finalizar, de atacar, de destruir. Nós não somos movidos por derrotar ninguém. O que nos une aqui é o desejo de derrotar a falta de merenda na escola, de derrotar a falta de merenda na unidade básica de saúde…”, disse, listando outros problemas da cidade.
O discurso de Ramos segue com o mote na esperança: “Nós não somos movidos por rancor. Nós somos movidos por esperança. É a esperança de um futuro melhor pra nossa cidade e pra nossa gente que nos une”, afirmou.
O candidato do PR disse que para o futuro da cidade é preciso de juventude e de energia, “mas essa juventude e essa energia precisa ser temperada pela experiência de quem já viveu mais do que nós”, disse, olhando para o vice Josué Neto. Marcelo Ramos disse, ainda, que a energia do grupo vai ser gasta para mostrar que existe um novo caminho de mudança para a cidade de Manaus, e apresentou várias propostas que já estavam em seu pleno de governo.
O deputado federal Alfredo Nascimento, líder do PR no Amazonas, agradeceu a vinda de Omar Aziz e do deputado federal Pauderney Avelino (DEM), e disse que ela só vai somar para que o grupo chegue à vitória.
Veja trecho do discurso de Omar Aziz: