
Do ATUAL
MANAUS – O senador Omar Aziz (PSD-AM) e o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, deputado Roberto Cidade (União Brasil) fizeram coro nesta terça-feira (16) para repudiar a “forma truculenta” com que a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança realizaram ações de combate ao garimpo ilegal nos municípios de Humaitá (distante 591 quilômetros de Manaus) e Manicoré (distante 350 quilômetros de Manaus), na segunda-feira (15).
A repressão aos garimpeiros causou danos que abrangeram também a zona urbana dos municípios, com o disparo de armas de borracha e bombas de efeito moral, resultando em civis machucados e traumatizados.
No plenário do Senado, Omar Aziz afirmou que os policiais federais e da Força Nacional prejudicaram pessoas pobres e humildes “no rio Madeira todo”. O senador questionou quantos narcotraficantes foram presos, uma vez que a polícia justificou a ação como sendo de combate ao crime organizado.
“Eu quero saber do Andrei [Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal] quem foi o traficante ou narcotraficante preso nessa operação, ontem”.
Omar Aziz afirmou que a ação comandada pela Polícia Federal foi autorizada por um juiz, que deve explicar os motivos de não ter determinado a prisão dos envolvidos com o narcotráfico.
“Nós precisamos saber quem foi o juiz que autorizou e quais são as provas concretas de que tem narcotraficante, e por que a Polícia Federal e o juiz não mandaram prender os cabeças do narcotráfico”, disse o senador.
Omar Aziz comparou a ação policial no Amazonas aos ataques de Israel à Faixa de Gaza, no Oriente Médio. “Parecia Gaza as explosões, helicóptero sobrevoando, explodindo. Pirotecnia pura”, disse.
Caminho do diálogo
O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas defendeu o caminho do diálogo para resolver o problema do garimpo ilegal no Estado, ao repudiar a ação das forças de segurança.
“Não sou a favor do garimpo ilegal, mas é preciso repudiar uma ação como a que ocorreu em Humaitá e Manicoré. Não é dessa forma que vai se chegar a uma solução. Precisamos encontrar um caminho de diálogo, de construção, num sentido de que a gente possa gerar outras oportunidades para esse povo; caso contrário, todos os anos a população vai passar pelo mesmo constrangimento”, disse Roberto Cidade.
“Aconteceram coisas que a gente não quer que aconteça. Crianças e adolescentes saíram machucados dessas ações da Polícia Federal. Não é com explosões, com ações truculentas e violência que as coisas vão se resolver”, opinou o presidente da Aleam.
Nesta terça-feira (16) ainda era possível ver as marcas deixadas pela operação que destruiu 71 dragas utilizadas na mineração ilegal no rio Madeira. Cidade disse que entrou em contato com os prefeitos de Humaitá, Dedei Lobo, e de Manicoré, Lúcio Flávio, para obter mais informações de como estava o clima nas cidades um dia após a operação.
“Os prefeitos Dedei Lobo e Lúcio Flávio estão preocupados com os desdobramentos da operação e insatisfeitos com a forma truculenta com que ela foi realizada. O clima é de apreensão. Estou em constante contato com os prefeitos para que a gente possa ver uma forma conjunta de agir, com o envolvimento da bancada federal e dos deputados desta Casa com o objetivo de evitar outras cenas de guerra como as que vimos na segunda”, afirmou.
Defensoria Pública
A Defensoria Pública do Estado do Amazonas fez uma manifestação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) requerendo a proibição do uso de explosivos nas operações, alegando que a prática compromete a segurança da população e fere direitos fundamentais. O pedido foi negado.
Depois a operação de segunda-feira, a DPE-AM voltou a solicitar a suspensão do uso de explosivos para destruir as balsas usadas na atividade.
“Como já exposto, o emprego de violência extrema pela União contra povos tradicionais e ribeirinhos no Amazonas, através de artefatos explosivos, tem gerado intensos problemas sociais que conduzem para uma grave crise humanitária na região”, aponta o pedido.