Da Redação
MANAUS – Com críticas à condução da CPI da Covid pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) dias antes de depor, o deputado estadual Fausto Junior (MDB-AM) travou um confronto com Aziz nesta terça-feira (29) ao prestar depoimento na comissão do Senado como testemunha. Fausto Junior foi convocado por ter sido relator da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Amazonas.
O deputado havia declarado que Omar Aziz está “criando tempestades para depois barganhar calmarias” na CPI e se disse preocupado com os maus caminhos que a Comissão está tomando, em referência à operação Maus Caminhos, que investigou esquema de fraudes em contratos na saúde pública do estado.
Nesta terça, ao afirmar que foi em 2011, na gestão de Omar Aziz como governador do estado, que começou o uso de contratos indenizatórios na Secretaria de Saúde do Amazonas, o deputado irritou o senador. Segundo Fausto, os contratos, que não possuem qualquer tipo de fiscalização ou controle, movimentaram R$ 50 milhões naquele ano.
“Os contratos indenizatórios são usados em situações emergências, como em calamidades, porém viraram habituais a partir de 2011, o que favoreceu o desvio de recursos públicos na Saúde”, disse o deputado.
O presidente da CPI reagiu e envolveu familiares do deputado na apuração da CPI da Covid.
Omar afirmou que vai pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal da conselheira do TCE-AM (Tribunal de Contas do Amazonas) Yara Lins, mãe do deputado estadual, e de 13 empresas que têm contratos com o governo do estado. Omar também disse que vai denunciar a conselheira na PGR (Procuradoria-Geral da República).
De acordo com Aziz, Fausto não indiciou o governador Wilson Lima (PSC) no relatório final da comissão porque a família dele “levou vantagem”. “A corrupção fez com que o relator não indiciasse o governador”, disse Aziz.
Fausto pediu respeito e que o senador não envolvesse a mãe dele no caso, que não tem relação com o objeto da CPI da Covid.
O presidente da CPI da Covid também citou o advogado André Luiz Guedes e 13 empresas que teriam participado de um esquema de corrupção. Segundo Aziz, o advogado “vai diretamente ao Fundo (Estadual de Saúde) para pedir pagamento para algumas empresas dessa”.
O senador Eduardo Braga, do mesmo partido de Fausto, entrou na discussão em defesa do deputado afirmando que Omar estava “extrapolando”.
Fausto disse que o indiciamento do governador na Operação Sangria, da PGR, foi “fruto de interceptação telefônica do governo”. “Eu não poderia inserir o governador no relatório por meras convicções pessoais ou políticas”, disse.
Fausto Junior revelou que a Comissão teve dificuldades em obter informações junto ao governo de Wilson Lima, por isso buscou ajuda da Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas do Amazonas, entre outros órgãos.
Segundo Fausto Junior, os contratos indenizatórios movimentaram R$ 1,5 bilhão no Governo do Amazonas desde 2011 até 2020.