Do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – A Ordem dos Advogados do Brasil apontou nesta sexta-feira, 8, um ‘quadro de degradação moral e institucional’ no País. Em nota subscrita pelo presidente do Conselho Federal Claudio Lamachia, a principal entidade da Advocacia alerta que ‘a sucessão de escândalos há três anos incorporou-se dramaticamente à rotina do País’. OAB condena a ‘inoperância dos órgãos de controle do Estado’.
Nesta sexta, 8, a Polícia Federal prendeu novamente o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Governos Lula e Temer), atribuindo a ele a propriedade da fortuna de R$ 51 milhões encontrados em um apartamento no bairro da Graça, em Salvador.
“Trata-se de um escândalo dentro do escândalo”, diz Lamachia. “O cidadão-contribuinte, que paga a conta de tais desmandos, não entende como quantias estratosféricas circularam no sistema bancário, com frequência e desenvoltura, sem que os órgãos incumbidos de monitorá-las tenham cumprindo esse dever elementar”, ressalta o presidente da Ordem.
Na avaliação de Lamachia, se os órgãos de fiscalização tivessem cumprido sua missão ‘tais aberrações não teriam assumido as proporções a que assistimos, levando o País à maior crise política, econômica e moral de sua história’.
“Os mecanismos de controle existem e o correntista comum a eles se submete, enfrentando muitas vezes excessivo rigor burocrático. O mesmo, porém, não ocorreu em relação aos criminosos de colarinho branco, como tem testemunhado a população brasileira, no curso das investigações da Lava Jato e tantas outras.”
OAB questiona. “Como se explica o trânsito de malas e malas com dinheiro vivo, na escala dos milhões, como as encontradas no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima?”
“Sabe-se que o saque bancário, além de determinado limite, exige esclarecimentos, que os titulares daquelas fortunas não prestaram. O País exige essa explicação.”
OAB aponta, ainda, para as revelações do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil) que, na quarta-feira, 6, interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro entregou os ex-presidentes Lula e Dilma como envolvidos em um ‘pacto de sangue’ com a empreiteira Odebrecht.
OAB também cita os áudios de Joesley Batista, delator da JBS. “O depoimento do ex-ministro Antônio Palocci e os inacreditáveis áudios de Joesley Batista, da J&F, revelam que contaram com a cumplicidade de operadores no âmbito do Estado e do sistema financeiro”, afirma Lamachia.
“E não apenas: segundo a Procuradoria-Geral da República, sob o comando da própria Presidência da República. Nada menos que três ex-presidentes estão denunciados ao Supremo Tribunal Federal, por, entre outros delitos, corrupção passiva e formação de quadrilha. Jamais se viu nada igual!”
A nota da Ordem cobra respostas. “Sem que tudo isso se esclareça e com urgência máxima, o manto da suspeição continuará a cobrir o conjunto das instituições do Estado, o que é trágico para a democracia brasileira.”
O dr. Claudio Lamachia está coberto de razão.
Estamos vivenciando uma crise institucional sem precedentes na história do Brasil. E essa crise generalizada, que atinge a administração pública como um todo, expõe claramente o estado de profunda decadência moral e de infâmia em que se encontram mergulhados os Poderes da nossa incipiente República.
Dia após dia notícias dão conta dos conluios e tramoias de agentes políticos fartamente delatados e denunciados por crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, e muito pouco tem sido feito pelas autoridades competentes para dar um basta nisso, pois algumas fraudes podem ser facilmente detectadas como, por exemplo, o saque de elevadas quantias em dinheiro nas agências bancárias, como mencionou o presidente do Conselho Federal da OAB.
Muitos desses políticos flagrados com a “mão na botija” são velhos conhecidos da crônica policial, que ano após ano fazem do parlamento nacional um antro de chicanas e trapaças, e já não se envergonham mais quando chamados de corruptos pelo povo nas ruas. Perderam completamente a dignidade!!!
Malas lotadas de dinheiro sujo, políticos flagrados pondo grandes quantidades de dinheiro roubado nos bolsos das calças, na cueca, em sacolas, grana proveniente de propina; gravações com parlamentares combinando roubar o povo, tudo documentado, tudo filmado, tudo denunciado e, até agora NADA, nenhuma condenação expressiva no âmbito do STF, que além de extremamente lento, parece às vezes omisso.
Herdeiros malditos da cultura de corrupção que impregna a nação brasileira desde os tempos do Império, alguns desses políticos flagrados com milhões de reais dentro de malas e apartamentos, oriundos de propina, deveriam dar graças a Deus por terem nascido no Brasil, e não na China, pois lá, ao contrário daqui, muitos deles já teriam sido condenados à pena de morte por fuzilamento em praça pública, há muito tempo.