A pedido de alguns leitores, transcrevo a seguir e com pequenas revisões trechos de artigo publicado neste espaço, no qual declarei voto em Aécio Neves, quando muitos já o consideravam carta fora do baralho da sucessão presidencial.
Desde logo reitero que jamais aceitei a ideia do jornalismo neutro, da mídia imparcial ou isenta. Quem advoga essa posição fica sempre a serviço de um dos lados em disputa. Trata-se, mudando o que deve ser mudado, da mesma situação do centro no espectro ideológico, entre esquerda e direita, cujos conceitos muitos acreditam falidos, militando de igual modo em erro evidente.
Portanto e de pronto anuncio meu voto em Aécio Neves nas próximas eleições. E razões das mais sólidas não me faltam. Dispõe de um excelente programa, um bom discurso e a melhor prática política. Transmite credibilidade e já foi testado e aprovado como administrador publico. Em confronto com seus adversários, deixa-os no chinelo, sem uma única exceção.
Dilma Rousseff revelou-se má gerente ou insuficiente para comandar o país, que patina em sua gestão com números negativos ou ridículos. Com ela, tivemos a estagnação econômica e a ameaça concreta de retorno da inflação, hoje acima do limite da meta, além dos escândalos de corrupção que se espalham como metástase pelo corpo da Nação. O imbróglio Petrobras agora explode no coração da República, com o PT mergulhado até o pescoço no mar de lama que toma conta da admninistração federal. Na outra ponta, Aécio é probo e contemporâneo, volta-se para a modernização e a eficiência do Estado, na mesma linha de governo do estadista Fernando Henrique Cardoso.
Muito bem, com competência e tenacidade, o tucano chegou ao segundo turno e agora reúne apoios significativos. A aliança com o PSB, PPS e PV tem um peso simbólico e eleitoral relevante. Somando-se a solidariedade política da família de Eduardo Campos, do governador atual de Pernambuco e do eleito no mesmo Estado, tem-se perspectivas seguras de ampliação da votação de Aécio no Nordeste.
E Marina Silva? Bem, como já o dissemos, Marina é o que é, insegura e contraditória. A Rede fez exatamente o que fez o PSOL, conquanto em sentido oposto. A primeira vetou o nome de Dilma e o segundo o de Aécio, com indicações alternativas para o voto branco e nulo, um indiscutível desserviço a democracia brasileira. Marina adiou ‘sine die’ sua decisão, mesmo com as eleições à porta, e exige que Aécio adote seu programa de governo, que conflita em certos pontos com propostas apresentadas pelo candidato do PSDB, embora convirja em alguns ângulos. Trata-se no mínimo de um contrassenso, uma vez que o projeto de Marina não foi chancelado pelos eleitores, que a deixaram fora da disputa no pleito atual. Mas, ainda que resolva apoiar Aécio, Marina apressa-se em informar que não participará da campanha na televisão, no rádio e em palanques. Também não aparecerá em material impresso ao lado do tucano, revelando que dará um passo acanhado e de poucos resultados, segundo seus assessores. Mais um equívoco, afinal não se adere pela metade, ou há solidariedade e apoio ou não.
O PSB é que agiu a tempo, com maturidade e sabedoria política. Os socialistas, com a ajuda de suas lideranças vitoriosas em Pernambuco, um dos maiores colégios eleitorais da região, permitem que se possa anular em grande parte a manipulação criminosa de consciências feita pelo PT e por sua candidata no Nordeste.
Tanto o Norte como o Nordeste amargam abandono secular, fato que aprofunda as desigualdades regionais, típicas do processo de desenvolvimento nacional. Com origem no governo Fernando Henrique Cardoso, as políticas de distribuição de rendas merecem aplausos. Todavia, deve-se ressaltar que somente foram factíveis após a implantação do Plano Real de estabilidade da economia e de valorização da moeda. Ainda assim, é preciso avançar na implantação de projetos estruturais que retirem essas grandes áreas do país de sua condição histórica, a fim de integrá-las em definitivo ao Brasil mais avançado.
Mantido o sistema de distribuição de bolsas, como Aécio diz que o fará, embora o PT e sua candidata insistam em afirmar o contrário, com o propósito de incompatibilizar o tucano com os beneficiados, há de se ter como meta a outorga de dignidade aos assistidos, dando-lhes oportunidade de uma vida conquistada com seu próprio trabalho.
A divisão do Brasil entre pobres e ricos, entre Norte/Nordeste e Sul/Sudeste, oportunista, demagógica e eleitoreira, defendida pelo PT e Dilma, não encontra eco. A pobreza e as condições de extrema vulnerabilidade de expressivos segmentos da população brasileira mostram-se presentes em todas as regiões e unidades da Federação. Combatê-las é um compromisso imperioso e patriótico.
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