MANAUS – Dia desses eu pesquisei alguns assuntos de polícia na Internet e encontrei um portal de notícias do Amazonas que eu ainda não conhecia. Fiquei curiosa, algo novo sempre chama atenção, quis ver o que era e tomei a pior decisão daquele momento, abri a matéria do tal portal de notícias.
Tratava-se do assassinato de uma comerciante na zona leste de Manaus, deslizei um pouco mais para baixo e dei de cara com as fotos sem censura alguma da vítima morta. Entrei em contato com a família e descobri que as fotos não foram autorizadas e ainda que tivessem sido, houve nenhum tipo de respeito com a família ou leitores que abriram o link acreditando encontrar um texto sério.
Não é uma prática atual, lembro bem de quando eu parei de seguir o portal que se intitula o mais visitado do Amazonas. Naquele tempo, isso há pelo menos 5 anos, eu já entendia quão cruel era um veículo de comunicação apropriar-se da dor das pessoas para ganhar espaço, visualizações, dinheiro.
No jornalismo a ética é importante e sem ela é praticamente impossível cumprir a missão de informar. Sem ética não existe possibilidade alguma de desenvolvimento e o contrário disso é a destruição.
Enquanto existir pessoas que sustentem esses tipos de conteúdo, esses portais permanecerão agindo dessa forma. É um trabalho de mão dupla, existe porque você consume. A conscientização precisa começar por você. É extremamente necessário que o leitor use filtros na hora de escolher as suas fontes de notícias.
Hoje, é uma família da zona leste que sofre duas vezes por ter fotos trágicas de uma pessoa que ama espalhadas na internet. Amanhã pode acontecer com você. Um pouco mais de empatia e consciência. O jornalismo precisa sobreviver, com ética.