Devemos colocar a parte as diferenças ideológicas e culturais, pois não resta dúvida que vivemos em um período de crise. Somente mudaremos o Brasil quando entendermos nosso verdadeiro papel como cidadão, no processo de transformação em direção a uma outra realidade social a ser construída.
Bem sabemos desde Maquiavel que “a política não se guia por modelos rígidos, mas se inventa a cada passo”, assim, todo plano de governo deve levar em consideração, primeiramente a realidade jurídico-político-institucional que temos e, logo em seguida, promover alterações nas estruturas de poder e nas relações entre a sociedade e o Estado.
O Estado tem o poder de realizar uma política correta e justa. Somente o Estado pode cumprir a função essencial de garantir a paz, a justiça e o bem-estar da população em geral. Para isso é necessário um governo, o qual saiba fazer respeitar os direitos e fazer observar os deveres por parte de todos os cidadãos.
Saber dos nossos direitos e deveres e participar ativamente de todas questões sociais, é essencial, já que essas decisões sempre atingem, em menor ou maior grau, a nossas vidas. Também que a política está presente em todas as relações de suas vidas. Podemos encontrá-la na família, nas escolas, na segurança pública, além, é claro, do Estado. É preciso participar ativamente em todas essas esferas na busca do poder democrático, ou seja, a oposição ao autoritarismo.
Parece claro a existência de dois tipos de cidadãos: ativos e passivos. O que nos parece é que, os governantes, preferem os passivos, pois é mais fácil de dominar os súditos dóceis ou indiferentes, mas a democracia necessita dos cidadãos ativos. Com essa ausência dos ativos por minoridade, leva a muitos governantes acabar por prazer a transformarem seus súditos num bando de ovelhas dedicadas e tão somente a pastar o capim, uma ao lado da outra, e a não reclamar, mesmo quando o capim é escasso.
Infelizmente, por maior que seja o avanço tecnológico, ainda não avançamos intelectualmente, a ponto de entendermos o valor do voto brasileiro e da importância da política para o bem social. Ainda hoje, pessoas vendem seus votos, seja através de dinheiro ou promessas. Ainda não avançamos na sensibilidade de analisarmos um candidato pela sua ética de vida e não pelo seu marketing pessoal. Voto não tem preço, tem consequência.
Precisamos de pessoas capazes de agir em busca de mudanças e, como consequência, sensibilizando o governo e a sociedade. É importante que estejamos prontos para discutir a importância de refletir sobre a necessidade que a ética e a cidadania tem na formação de uma sociedade sadia. O desinteresse pela busca do conhecimento da ética, parece ser mais interesse por aqueles que nos governam.
Quando teremos uma sociedade ética, cidadã e democrática, com liberdade e igualdade para todos? Os obstáculos são grandes, mas, se a sede pela ética e cidadania também for, as mudanças refletirão na mesma proporção. O povo brasileiro é capaz de lutar por mudanças, já provou isso num passado recente, basta confiar no poder que possuem e aprender a exercê-lo completamente.
Devemos partir para discussões propositivas, com uma linha esquematizada de raciocínio, para assim municiar toda a população com conhecimentos básicos a respeito de conceitos da ciência política e do direito, para preencher lacunas e estimular debates que possam renovar de fato e superar limitações e entraves históricos ao desenvolvimento.
Concluo, afirmando que as lideranças, aqueles próximos à população e aos problemas cotidianos enfrentados nos bairros e comunidades e, que são decisivos nas campanhas eleitorais, não podem mais aceitar serem tratados como meros cabos eleitorais, pois, seu trabalho, sua atuação, precisam de reconhecimento e valorização, fazendo parte do projeto de governo, colaborando com suas ideais e principalmente capacidade de suprir as necessidades do povo, por ser, seu verdadeiro representante.
“O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se acorrentado”. Rousseau.
Sérgio Augusto Costa é Advogado, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Eleitoral.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.