Neste dia 29 de abril (quinta-feira), o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES promoveu uma interessante discussão sobre o Pacto pela Vida e pelo Brasil, campanha organizada pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB, em 7 de abril de 2020. Com o tema “construindo o Pacto pela Vida e pelo Brasil na Amazônia”, o encontro contou com a participação de Patrícia Cabral, presidente do Conselho do Laicato da Arquidiocese de Manaus, Marcivana Saterê Mawé, coordenadora Geral da Copime (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), Helso do Carmo Ribeiro Filho, presidente da Comissão de Relações Internacionais – CORI/OAB-AM e Dom Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus.
Seguindo a inspiração fundamental do Pacto, o evento expressou a preocupação nacional em relação à maneira inadequada com a qual o Governo Federal vem conduzindo a crise sanitária da Covid-19, que já afetou mortalmente quase quatrocentas mil pessoas no Brasil, espalhando tensão e sofrimento nas famílias residentes em todo o território nacional. De forma irresponsável, o Governo Federal, liderado pelo presidente Jair Bolsonaro, tem assume posturas reprováveis em todos os setores da sociedade, contribuindo para que a crise se estenda ainda mais e configurando um crime contra a humanidade.
Reforçado pela Carta ao Povo de Deus (22/07/2020), assinada por 152 arcebispos e bispos católicos vinculados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, o Pacto pela Vida e pelo Brasil tem como bandeiras fundamentais a vacina para todos, a defesa do SUS, o auxílio emergencial e a investigação da responsabilidade pela má gestão do sistema de saúde em meio à pandemia do coronavírus.
A cada dia torna-se evidente a incapacidade e a indisposição do Governo Federal em apresentar saídas razoáveis para resolver esta crise sanitária, mas também são patentes os efeitos desastrosos de ações governamentais, que agravam problemas como o desemprego, a fome, a instabilidade institucional, a devastação ambiental e a violação de direitos básicos. Já era previsível que as populações mais vulneráveis, como indígenas, negros, idosos e pobres fossem as mais prejudicadas por tais ações governamentais, configurando uma macabra crueldade.
O Pacto pela Vida e pelo Brasil vem à tona num contexto em que é difícil não rebelar-se contra tão amplo conjunto de aberrações e desrespeitos ao povo brasileiro. Tal iniciativa expressa um grito de indignação quase desesperado em favor da vida que é ameaçada e abolida a cada momento no Brasil. Busca-se resgatar o valor incomensurável da vida num momento em que a morte parece ser sistematicamente banalizada, visando beneficiar uns poucos.
Trata-se da tentativa de despertar o conjunto da sociedade brasileira, que parece estar adormecida diante de tudo o que lhe acontece. Frente a tão graves crimes a nossa indiferença e apatia são assustadoras. A humanidade que reprimimos em algum lugar de nós mesmos busca se libertar, mobilizando suas últimas forças para protestar e firmar um Pacto pela Vida e pelo Brasil.
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