MANAUS – Durante alguns dias, pessoas contrárias às medidas de distanciamento social e fechamento dos estabelecimentos comerciais e serviços não essenciais, ameaçaram realizar “uma grande manifestação para parar a cidade de Manaus”.
A ameaça começou a ser feita depois da decisão do juiz Leoney Fligliuolo Harraquian, que determinou o fechamento de todos os serviços não essenciais, a pedido do Ministério Público do Estado. A manifestação foi programada para terça-feira, 5.
A ameaça de fechar cruzamentos de importantes vias da cidade foi encorajada, em grande medida, pelas críticas de políticos à decisão do juiz, com o argumento de que o Poder Judiciário, por não ter seus membros eleitos pelo voto popular, não podem decretar o fechamento do comércio e serviços. Essa tarefa, segundo os críticos, é do Poder Executivo.
Ocorre que o Poder Executivo já havia tomado a mesma decisão, uma semana antes, e foi obrigado a recuar, diante de manifestações na cidade que causaram aglomeração, ou seja, tiveram efeito contrário ao esperado pela medida adotada pelo governo estadual.
O Ministério Público, diante da gravidade da situação pandêmica de Covid-19 em Manaus e alguns municípios do interior do Estado, não titubeou e recorreu ao Judiciário para obrigar o governo a fechar os estabelecimentos, com a intenção de frear as infecções pelo novo coronavírus.
O noticiário teve fundamental importância para alertar a sociedade de que estamos diante de uma situação perigosa, com a iminente falta de leitos para atender a quantidade de doentes que recorrem aos hospitais públicos e privados.
Também contribuiu para uma nova tomada de consciência o fato de a Covid-19 bater à porta de todos os moradores de Manaus, como dissemos neste espaço no início desta semana. Os que ainda não tiveram um doente no núcleo familiar, com certeza souberam de um amigo ou parente próximo afetado com a doença, e de outros perderam a vida.
Não é retórica a afirmação de que vivemos uma segunda onda da pandemia em Manaus. Felizmente, se não os organizadores, mas os que poderiam fazer volume e aglomerações nas ruas da capital entenderam que o melhor, neste momento, é se prevenir.
São 15 dias, apenas, que para muitos pode ser uma eternidade, mas se ajudam a salvar vidas, não é uma parada em vão, é um recuo para avançar no futuro próximo. Neste caso, o medo teve papel importante, e, junto com a prudência, venceu a insensatez.